Este texto tem como único objectivo dar um modesto contributo para a divulgação, na blogosfera, deste plural. Apesar de o horripilante plural "pais-natal" ser insistentemente corrigido todos os anos pelos linguistas, nem os portugueses médios nem os media portugueses parecem aprender.
Pai Natal, que se escreve sem hífen, é uma expressão lexical (e não um substantivo composto, caso no qual teria de ser obrigatoriamente grafado com hífen ou, pelo menos, preposicionado), constituída por um substantivo (Pai) e um adjectivo (Natal). Como na língua portuguesa os adjectivos concordam em género e número com os substantivos que qualificam, então Natal passa a Natais quando Pai passa a Pais: Pais Natais.
Na minha opinião, mesmo que se tratasse de um substantivo composto (coisa a que estamos condenados), o plural continuaria a ser Pais-Natais, uma vez que não me parece que Natal, tido como substantivo, determine o substantivo Pai (é estranho usar o argumento "há vários pais, mas só alguns são natal", pois também se aplicaria da mesma forma: "há várias couves, mas só algumas são flor", quando o plural de couve-flor é, reconhecidamente, couves-flores). Contudo, admito discordância neste ponto.
A língua está viva, para o bem e para o mal.
Pai Natal, que se escreve sem hífen, é uma expressão lexical (e não um substantivo composto, caso no qual teria de ser obrigatoriamente grafado com hífen ou, pelo menos, preposicionado), constituída por um substantivo (Pai) e um adjectivo (Natal). Como na língua portuguesa os adjectivos concordam em género e número com os substantivos que qualificam, então Natal passa a Natais quando Pai passa a Pais: Pais Natais.
Na minha opinião, mesmo que se tratasse de um substantivo composto (coisa a que estamos condenados), o plural continuaria a ser Pais-Natais, uma vez que não me parece que Natal, tido como substantivo, determine o substantivo Pai (é estranho usar o argumento "há vários pais, mas só alguns são natal", pois também se aplicaria da mesma forma: "há várias couves, mas só algumas são flor", quando o plural de couve-flor é, reconhecidamente, couves-flores). Contudo, admito discordância neste ponto.
A língua está viva, para o bem e para o mal.
5 comentários:
Ora ainda bem que admites discordância. E eu admito que não fiz suficiente trabalho de casa para vir aqui falar disso, mas, entre adjectivo ou nomes, venha o diabo e escolha, quando se trata desse tipo de palavra composta.
São "terras-natal", aquelas onde alguém nasce. O que é diferente do caso dos pais natais - poderão dizer - na medida em que estes são
aqueles «pais» do Natal" - OK!... Mas também os "navios-escola" são aqueles navios que servem de escola, e pluraliza-se como se vê. O pai-natal é um tipo específico de "pai", como o navio-escola é um tipo específico de de navio, como a couve-flor é um
tipo específico de couve, como um projecto-piloto é um tipo de projecto, como um andar-modelo ou um decreto-lei, enfim, enfim...
Passo a intervenção de senso comum, mas a mim soa-me mal como tudo, a dita forma correcta que aqui expões (numa intervenção imensamente digna, porque a língua é para se ir aprendendo, é claro).
[Mas também ninguém disse que eu tinha que gostar de todas as regras do Português - ou o NAO logo o desmentiria oficialmente].
Sim, sei e percebo que a questão da regra se coloca no facto de as duas palavrinhas hifenizadas (e "pai natal" não deveria sê-lo?) serem substantivos. Mas - caramba! - não se torna evidente que o segundo elemento tem uma função claramente adjectival???...
Mas termino como terminaste: "admito discordância neste ponto"! :-) And again, gostei da útil tirada pedagógica.
'Inda por cima referindo-se a um tema sobre o qual já muito escrevi também! ;-)
http://camuflagens.blogspot.com/2006/12/o-pai-natal-coca-cola-i-parte.html
http://camuflagens.blogspot.com/2006/12/o-pai-natal-coca-cola-ii-parte.html
http://camuflagens.blogspot.com/2006/12/o-pai-natal-coca-cola-iii-parte-ltima.html
Beijinhossss
Os homens-estátua?
Os homens-rã?
Os homens-aranha?
???
Sorry... Só me ocorreram exemplos com homens! ;-)
Nothing,
Penso que a falha da tua argumentação é a seguinte: estás a estabelecer um raciocínio analógico entre regras de pluralização para substantivos compostos (hifenizados) e regras de pluralização para expressões lexicais (não hifenizadas).
De facto, Natal pode ser visto, regra geral, como substantivo ou adjectivo. Como Pai Natal, em português, ainda não admite hífen (logo, é uma expressão lexical), e uma vez que dois substantivos não podem ocorrer seguidos na mesma expressão lexical, temos aqui, necessariamente um substantivo seguido de um adjectivo, aplicando-se a regra da concordância em género e número.
No caso, não das expressões lexicais, mas dos substantivos compostos em que o segundo determina o primeiro, como homem-rã e navio-escola, o plural faz-se apenas com alteração do primeiro elemento: homens-rã e navios-escola. Diferente seria se, em português, se escreve 'homem rã' ou 'navio escola', caso no qual o plural seria inevitavelmente 'homens rãs' e 'navios escolas'.
Se ajuda à minha argumentação de alguma forma, para mim o mais natural é dizer e ouvir dizer 'Pais Natais', o que acontece provavelmente por determinação regional. Soa-me mal, de facto, a expressão 'Pais Natal'.
E a mim só me soa mal ouvir "pais natais"! Mas tens toda a razão no que dizes sobre os substantivos compostos versus as expressões lexicais. Um pouco por isso (consciente ou inconscientemente, já nem me lembro), dizia eu, lá em cima: "e Pai Natal não deveria ser hifenizado?". Resposta minha: devia! Tua provável resposta: não!
:-)
Beijinhos,
Nothing
Venho aqui "lembrar que não me esqueci" de que fui selvaticamente desprovida de uma importante figura de referência!... Já num góto do Pai Natal, prontus... Não pluraliza de forma elegante! ;-)
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