28 de janeiro de 2007

Leviatã - o animal

No livro de Job, o Leviatã é mencionado conjuntamente com outros animais que são, claramente, mundanos, tais como cabras, águias e falcões, facto que levou muitos estudiosos a considerá-lo como um animal terrestre. O animal que é mais vezes proposto como Leviatã é o crocodilo do Nilo.

Tal como o Leviatã, o crocodilo do Nilo é aquático, escamoso e possui dentes afiados. Em Job 4 diz-se, acerca do Leviatã:

«És capaz de pescar o Leviatã com anzol e amarrar-lhe a língua com uma corda? És capaz de lhe furar as narinas com junco e perfurar-lhe a mandíbula com gancho? Será que ele viria ter contigo com muitas súplicas ou te falaria com ternura? Será que faria uma aliança contigo, para fazeres dele o teu criado perpétuo? Brincarás com ele como se fosse um pássaro, ou amarrá-lo-ás para as tuas filhas? Será que os pescadores o negociarão, ou os negociantes o dividirão entre si? Poderás crivar a sua pele com dardos ou a cabeça com arpão de pesca? Experimenta colocar as mãos em cima dele: lembrar-te-ás da luta, e nunca mais repetirás isso!«Vê! Diante dele, toda a segurança é apenas ilusão, pois basta alguém vê-lo para ficar com medo. Ninguém é tão corajoso que o provoque. Quem poderia enfrentá-lo cara a cara? Quem se atreveu a desafiá-lo, e saiu ileso? Ninguém debaixo de todo o céu.

«Não deixarei de descrever os seus membros, e a sua força incomparável. Quem lhe abriu a couraça e penetrou pela sua dupla armadura? Quem abriu as duas portas da sua boca, rodeadas de dentes terríveis? As suas costas são fileiras de escudos, estreitamente ligados; são tão unidos uns com os outros, que nem o ar passa entre eles; cada um é tão ligado com o outro, que ficam travados e não se podem separar. Os seus espirros lançam faíscas, e os seus olhos são como a cor rosa da aurora. Da sua boca irrompem tochas acesas e saltam centelhas de fogo. Das suas narinas jorra fumo, como de caldeira que ferve ao fogo. O seu bafo queima como brasa, e a sua boca lança chamas. No seu pescoço reside a força, e diante dele dança o terror. Os músculos do seu corpo são compactos, sólidos e imóveis. O seu coração é duro como rochae sólido como pedra de moinho. Quando ele se ergue, os heróis tremem e fogem apavorados. A espada que o atinge não penetra, nem a lança, nem o dardo, nem o arpão. Para ele o ferro é como palha, e o bronze como madeira podre. A flecha não o afuguenta, e as pedras da funda transformam-se em palha para ele. A maça é para ele como estopa, e ele zomba dos dardos que assobiam. O seu ventre, coberto de escamas pontiagudas, é uma grade de ferro que se arrasta sobre o lodo. Ele faz ferver o fundo do mar como caldeira, e a água fumegar como vasilha quente cheia de unguentos. Atrás de si deixa uma esteira brilhante, e a água parece cabeleira branca. Na terra ninguém se iguala a ele, pois foi criado para não ter medo. Ele confronta-se com os seres mais altivos, e é o rei das feras soberbas.»

Alguns autores, comparam os olhos do Leviatã aos do crocodilo, que saem da água antes do resto da cabeça, invocando a imagem da aurora. Quanto à parte do Leviatã respirar fogo, já há maior dificuldade de conciliação com o crocodilo. Há outras passagens bíblicas, nas quais se afirma que o Leviatã tem múltiplas cabeças, o que também não concorda com o crocodilo.

Outros autores sugerem que o Leviatã é uma descrição hiperbólica de uma baleia. Esta perspectiva enfrenta alguma dificuldade, uma vez que o povo judeu do Próximo Oriente não teria tido, em princípio, qualquer contacto com baleia, naquela região. No entanto, foi muito alimentada por Herman Melville, na sua obra «Moby Dick», bem como por outras ficções, como «Pinóquio», de acordo com a qual o próprio Pinóquio teria sido engolido por um cachalote. No entanto, a tradução correcta seria «tubarão» e não baleia...

Outras teorias, muitas vezes citadas pela criptozoologia e ciência da criação, dizem que o Leviatã era um réptil aquático, tal como o Plesiosaurus, nomeadamente o Parasaurolophus.


27 de janeiro de 2007

Leviatã



Na interpretação cristã, o Leviatã é comummente considerado ser um demónio, ou monstro natural, associado a Satanás.

«Desperta! Desperta! Reveste-te de força, braço de Javé! Desperta como nos tempos passados, como nas épocas antigas. Não foste Tu que derrotaste o monstro e trespassaste o dragão?» (Isaías, 51:9)

Alguns escolásticos consideraram que o Leviatã representava as forças pré-existentes do caos. No salmo 74:13-14 diz-se «Tu dividiste o mar com o Teu poder, quebraste a cabeça do monstro do mar. Tu esmagaste as cabeças do Leviatã, dando-o como alimento às feras do mar.»

Deus apartou as águas da Terra. Génesis 1:2 «No princípio, Deus criou o céu e a terra. A terra estava sem forma e vazia; as trevas cobriam o abismo e um vento impetuoso soprava sobre as águas.»; em Génesis 1:6-7 «Deus disse: "Que exista um firmamento no meio das águas para separar águas de águas." Deus fez o firmamento para separar as águas que estão acima do firmamento das águas que estão abaixo do firmamento. E assim se fez.»

Alguns exegetas sugerem que o Leviatã é um símbolo da humanidade em oposição a Deus, argumentando que tanto o Leviatã como outras bestas que são mencionados nos livros «Daniel» e «Revelação» devem ser interpretados como metáforas.

O uso do Leviatã nos livros do Velho Testamento pode ser visto como referência a bestas da mitologia semítica mencionadas na literatura ugarítica. «Naquele dia, com a Sua espada dura, grande e forte, Javé castigará Leviatã, serpente escorregadia, Leviatã, serpente tortuosa, e matará o dragão do mar.» (Isaías, 27:1)

De acordo com S. Tomás Aquino, Leviatã é o demónio da inveja e o primeiro a ser castigado nos pecadores que nele incorrerem.

E a que animal poderia corresponder o Leviatã?
Talvez uma resposta seja dada no próximo post...





24 de janeiro de 2007

A sabedoria árabe

Há um velho ditado árabe que diz:


واحدئيس الوزراء هو الحاكم الفعلي للبلاد. البرلمان الإسباني م


قسم الى مجلسين واحد للأعيان ( وعدد أعضاء يبل عين و واحد للنواب و عدد
نتائج الانتخابات نائب. نتائج الانتخابات الأخير مباشرة من أصبحت
الشعبسنوات، بينما كل سنوات، بينما يعين عنتخاباتضو من مجلس الأعيان و
ينتخب الباقون من الشعب أيضاً. رئيس الوزراء و الوزراء يتم تعيينهم من قبل

البرلمان اعتماداً على نتائج الانتخابات النيابية. أهم الأحزاب الإس

أصمقسم الى مجلسين واحد للأعيان ( وعدد أعبحت الشعببانية يتم ماعية و
تعيينهمللأعيان


PENSA NISSO…

23 de janeiro de 2007

SENTIDO DO MUNDO - 4

O problema no conceito de uma ideia unificadora da existência está em que a vida prática não a admite, ie, não admite quixotismos. A vida muda-nos por choques entre as determinações, ou seja, a determinação x ao chocar com a determinação y, sendo ambas de regiões da existência diferentes, não permite o estabelecimento de uma ideia z a unificá-las.
D. Quixote tem uma só ideia e quer executá-la a todo o custo (chega a ver cavaleiros inimigos nos moinhos de vento): ie, adquiriu as condições para a existência, tendo a sua vida assim um significado que corresponde à ideia de ser cavaleiro andante. Ele vive em exclusiva função de ser esse cavaleiro andante que combate os inimigos e procura a sua dama, Dulcineia, unificando assim todas as regiões da sua existência. Mas, na verdade, eventualmente falha na unificação da existência porque a ideia unificadora que adquiriu é muito curta. Não permite que as regiões sejam unificadas sem violência.

10 de janeiro de 2007

to my angel

—O êxtase do ar e a palavra do vento povoaram de ti meu pensamento—

1. Vinhas descendo ao longo das estradas,
Mais leve do que a dança
Como seguindo o sonho que balança
Através das ramagens inspiradas.

2. O céu vermelho arde,
E entre as árvores escuras e caladas
Nasceste da secreta cor da tarde.

3. O jardim tremeu
Pálido de esperança
Por essa perfeição vermelha e plena,
Essa glória ardente e serena
Que distingue os deuses dos mortais.

4. A perfeição, a eternidade, a plenitude
Escorrem da sagrada juventude
Dos teus membros
A luz baila em roda dos teus passos
E a ardente palidez da tua divindade
Ergueu-se da pureza dos espaços.

5. É por ti que se enfeita e se consome
Desgrenhada e florida a Primavera
É por ti que a noite chama e espera
Porque és tu quem anuncia o poente nas estradas
E o vento torcendo as árvores desfolhadas
Canta e grita que tu vais chegar.

6. O destino que em nós é caos e luto
É em ti verdade e harmonia
Caminho puro e absoluto.

7. E agora, o que quero?
Quero
Nos teus quartos forrados de luar
Onde nenhum dos meus gestos faz barulho
Voltar
E sentar-me um instante
Na beira da janela contra os astros
E olhando para dentro contemplar-te
Tu dormindo antes de jamais teres acordado,
Tu como um rio adormecido e doce
Seguindo a voz do vento e a voz do mar
Subindo as escadas que sobem pelo ar.

6 de janeiro de 2007

SENTIDO DO MUNDO - 3

A existência humana varia como um camaleão: depende do ramo em que está. À pergunta «Como és?» temos de pedir para especificar «A que horas?». Não há uma identidade definida, além de que temos um preconceito contra tudo o que tente unificar as várias regiões da nossa existência, já que isso corresponde ao quixotismo.[1]

D. Quixote tenta incutir um sentido não-balcânico e não-formal à existência, isto é, tenta unificar todas as regiões da sua existência através de uma só ideia: a de ser um cavaleiro andante. Só através de uma ideia unificadora pode a existência ter qualquer sentido (obviamente que a ideia unificadora de D. Quixote não chega para conferir sentido à sua existência, pois é muito curta). Sancho Pança (ou como escreveu um aluno de Direito: São Xupança...), por seu lado, representa o senso comum levado ao extremo.


[1] Curiosamente, entre as várias acepções possíveis da palavra, o Houaiss regista «a defesa de causas que são estranhas aos seus próprios interesses.»