4 de novembro de 2006

o nosso tempo é tempo de pecado organizado

CANTATA DA PAZ

Vemos, ouvimos e lemos
Não podemos ignorar
Vemos, ouvimos e lemos
Não podemos ignorar

Nós, o povo de Deus,
Reunidos imploramos
A graça da Paz
A graça da paz

Vemos, ouvimos e lemos
Relatórios da fome
O caminho da injustiça
A linguagem do terror

A bomba de Hiroshima
Vergonha de nós todos
Reduziu a cinza
A carne das crianças

O corpo humano foi
Queimado em Buchenwald
O corpo humano foi
Queimado em Buchenwald

Os países inventam
Bombas e prisões
A máquina produz
Perfeitas sujeições

E no terceiro mundo
Nos campos e na rua
A fome continua
A fome continua

D'África e Vietnam
Sobe a lamentação
Dos povos destruídos
Dos povos destroçados

Nos caminhos da terra
Os mapas continuam
De fome e sujeição
E continua a guerra

O cântico da flauta
E a música do banjo
Não podem apagar
O concerto dos gritos

Nada pode apagar
O concerto dos gritos
O nosso tempo é tempo
De pecado organizado


Poema de Sophia de Mello Breyner Andresen feito para a vigília, organizada por um grupo de leigos, que se seguiu à Missa pela Paz, no dia 1 de Janeiro de 1969, na igreja de São Domingos em Lisboa e que reuniu cerca de 150 fiéis. Foram publicadas em folhetos e, mais tarde incluídas no livro «Católicos e Política», editado pelo Padre José da Felicidade Alves. Por essa altura, algumas delas foram musicadas pelo Padre Francisco Fanhais e incluídas no álbum Canção da Cidade Nova.

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