4 de novembro de 2005

Chá − para quem pensa que as 5h são as horas dos doughnuts (conselhos atrasados, mas sempre úteis)


«Para já, importa ressuscitar o conceito da categoria entre as camadas jovens. A categoria é a expressão substantiva do chá. Uma coisa pode estar bem feita, mas não ter categoria nenhuma. Muita poesia portuguesa contemporânea, por exemplo, é bem feitinha, mas não tem categoria. Ter categoria é parecer inaugurar um novo filão de taxinomia. (...) A categoria está para o bem-fazer, como o chá para o bem-comportar: são variáveis independentes que não têm obrigatoriamente de se tocar. Se, por acaso, se tocam, é a perfeição (Perfeição vem de perfazer.) (...) A boa-educação ensina-se, o chá não. A boa-educação pode conseguir-se por transfusão, mediante pessoa alheia. Mas o chá vem (ou não vem) de dentro − consegue-se somente por infusão. O grande perigo, neste momento difícil e sem chá que atravessamos, é a proliferação de uma nova categoria de sem-categorias.» Continua.
A CAUSA DAS COISAS, Miguel Esteves Cardoso

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