24 de janeiro de 2009

Primeiro tema gramatical: para aquecer os motores

Enviei ontem uma dúvida para o Ciberdúvidas. Não foi, portanto, ainda respondida.

A questão é:
Quando o verbo ser indica uma quantidade bem determinada é regido da preposição 'de'? Ou seja, deve-se escrever, por exemplo, «A média de idades foi de 75 anos»; ou, por outro lado, é preferível escrever «A média de idades foi 75 anos»?

19 comentários:

Nothing more than me disse...

"A média de idades foi 75 anos", ou
"A média de idades foi de 75 anos"?

"O resultado foi de 20 pontos", ou
"O resultado foi 20 pontos"?

"O tempo de espera é de 5 minutos", ou "O tempo de espera é 5 minutos"?

Ia jurar que já tinha lido algo acerca desse tema, mas deve ter sido impressão, já que, realmente, com uma pesquisa simples não encontro nada. Realmente, esse "de" aparece-nos nas mais das vezes, inclusivamente em textos de presumibilíssim cultura literária. A questão aqui é saber se deverá ser mesmo assim, e porquê. É uma boa! :-)

Rui disse...

"A média de idades foi de 75 anos" soa-me melhor... mas "A média de idades foi de 75 anos" parece-me à primeira vista mais correcto!

cumprimentos

isa disse...

Gigante, ainda não obteve resposta do Ciber?
Olá APC. Saudades!
Isa

Anónimo disse...

Uma correcção ao meu comentário... o que me parece mais correcto é "A média de idades foi 75 anos"

Rui

Nothing more than me disse...

Hi there, Isa!... Sôdade aussi! :-)
Será que é este ano que nos vimos?

(Cá pa mim, num há cêlêpê nenhum!)

Nothing more than me disse...

Alex, a resposta já lá está! :-)))

http://www.ciberduvidas.pt/pergunta.php?id=25461

Nothing more than me disse...

Hummm... Nem por isso estupidamente clara, à primeira leitura; todavia, chega-se lá (e sim, ninguém me tira que eu já tinha lido qualquer coisa de parecido, não sei o quê nem quando, mas submetida à mesma lógica): temos que aqui é qualquer coisa que desagua na diferença sensível entre "a média é esta" e "dá média disto", não é assim?

Foi bom, foi bom! Há mais? :-)))

Nothing more than me disse...

Entonces, um desafiozeco que nem chega a ser problema, mas mera questão de entretenimento, só para acordar os menos atentos:

1) Deram-se vários acontecimentos trágicos;
2) Sucederam-se vários acontecimentos trágicos;
3) Passaram-se vários acontecimentos trágicos.

Qual destas três frases podemos afirmar que está errada, e porquê?

Beijos a tod@s!

elianosantos disse...

Penso que o correcto é "A média de idades foi de 75 anos".

O Gigante Egoísta disse...

Paula, muito obrigado pela informação. De facto, andei imerso no fascinante mundos dos pósteres científicos, deixando passar a resposta (apesar de ter lá ido quase todos os dias). A resposta, realmente, não é muito surpreendente, mas ainda assim é interessante. Passo a transcrevê-la por inteiro.

«Substantivo média + verbo ser

[Pergunta] Deverá ser o verbo ser regido da preposição de quando indica uma quantidade, como no caso: «A média foi de 75 anos»? Ou será mais correcto escrever-se apenas: «A média foi 75 anos»?

Muito obrigado pela atenção dispensada!
Alexandre Camões Barbosa :: Médico :: Lisboa, Portugal

[Resposta] A utilização da preposição de não está associada à circunstância de quantidade.

Também a poderíamos utilizar num contexto de qualidade, por exemplo:
«A média foi de Muito Bom» (ou: «A média foi Muito Bom»).

Utilizamos a preposição apenas com a função de determinação, tornando, desse modo, o enunciado mais preciso. Assim, se a função da preposição de é de determinação, «de 75 anos» pode ocorrer também como complemento de média, um pouco com «de noz» em «bolo de noz» (cf. «o bolo é de noz»). Além disso, a expressão de «de 75 anos» tem valor atributivo, à semelhança do que se passa com juvenil e «de jovens» em relação a frequência, no seguinte exemplo:

(1) «A frequência [deste café] é juvenil/de jovens» (cf. expressão nominal «frequência juvenil/de jovens»).

Mas é também permitido à frase copulativa «a média é de 75 anos» prescindir da preposição se o seu valor, em vez de atributivo, for identificacional:

(2) «A média é/são 75 anos.»

Neste caso, quer o sujeito («a média») quer o predicativo do sujeito («75 anos») são expressões nominais postas em equivalência.

Em conclusão, ambas as frases («A média é de 75 anos» e «A média é 75 anos») estão correctas, mas têm algumas diferenças sintácticas e semânticas.

Helena Ventura :: 29/01/2009»

O Gigante Egoísta disse...

Quanto à questão levantada pela Paula, que me parece muito interessante dada a sua contaminação da nossa linguagem quotidiana, teria de apostar na frase número 2 como incorrecta. Eu tento reservar sempre o verbo suceder para falar de sucessões, já que ele não pode ser aplicado livremente com o sentido de «acontecer». Ou seja, «aconteceram várias coisas trágicas» não pode ser transposto imediatamente para «sucederam várias coisas trágicas», porque as coisas não se sucedem (no sentido mais à letra de suceder). O único caso em que me parece poder-se fazer essa transposição (no sentido de acontecer) é em frases impessoais como «acontece que», as quais passam a «sucede que». No máximo, poderemos ter um complemento indirecto como em frases do seguinte tipo: «sucede aos benfiquistas perderem sempre que jogam contra os portistas»; que seria correspondente a: «sucede que os benfiquistas perdem sempre que jogam contra os portistas».

Mais opiniões?

Nothing more than me disse...

Quase a mesma que tu. Na verdade, o verbo suceder até pode ser utilizado como sinónimo de acontecer; no entanto (quando seja esse o seu sentido), ele é sempre intransitivo, porquanto nada se sucede a si mesmo. Já havíamos cirandado por estes terrenos aquando do CLP anterior, e o Ciberdúvidas dedica-lhe três tópicos, sendo este o mais directo:
http://www.ciberduvidas.com/pergunta.php?id=22881

Contigo não brinco mais, prontusss!

;-)

PS - Pósteres é no último ano, né?

Anónimo disse...

Gigantes,
Tendo esta questão sido já alvo de dissertação, aquando do último imbróglio, tinhamos chegado à conclusão que o dito cujo verbo, é esquisito da "porra do estômago" e, usa-se apenas na terceira pessoa do singular.
Quanto à questão do doc., ficamos por aquilo que nos soar melhor?!
APC, este ano é especial de corrida cá para a menina. Dizem!!!!!
Até agora a expectativa vai-me matando mas, dando força. Daí que tudo é possível. Até o simples facto de estarmos tão perto e, tão longe, será certamente contornado com um pastelinho de Belém.
Estou sem tarefas, daquelas que nós gostamos, e por isso mesmo, a breve trecho o acontecimento, "sucede"?! Bjs.

Nothing more than me disse...

Já agora, uma coisa que talvez não tenha ficado suficientemente clara: é que a expressão "sucederam-se vários acontecimentos trágicos" NÃO tinha que estar errada, como fiz crer, e sim, apenas se no mesmíssimo sentido das frases que a acompanhavam. Já se a nossa intenção fosse dizer que vários acontecimentos trágicos aconteceram "uns a seguir aos outros", aí sim, estaria correcta.

Li o comentário anónimo. Porque anónimo é (e pretendeu ser), não poderei saber quem se me dirige, daí que, sequer como interpretar a confiança que denuncia (se com agrado, se com desconforto)... Fico num ponto neutro, portanto.

Em todo o caso, se alguém diz alguma coisa sobre a APC, essa só pode ficar surpreendidíssima, pois desconhecia, de todo, que pudesse ser motivo de conversa entre os demais, muito menos por questões "Celepianas"! Na verdade, apenas uma pessoa parece ter um especial (diria obsessivo) interesse na forma como me corre o CLP, ao ponto de a cada ano me brindar com o seu parecer, apesar de contra a minha vontade, já que o levo de forma descontraída e não aprecio o convívio com quem compete "assim". Na verdade, apreciei mais o tempo em que estive sentada à mesa do restaurante, naquele dia, do que no palco. Lamento se isso o choca.

Por fim, a do "ano especial de corrida" é que se me apresenta como algo sem o menor sentido. Por que o seria? Bom... Assim como assim, espero que 2009 me traga o melhor que puder. E a todos quanto o mereçam!

Por fim, se acaso me enganei no destinatário (é natural, falou-me anónimo), peço, desde já, desculpas. E ao Alex também, claro.

Mas vim aqui, foi para conversar mais um bocadinho com esta minha turma cujos sorrisos me apetecem. Então não é que ouvi, há dias, a seguinte informação "megafonizada"?!:

"Senhores passageiros: o comboio proveniente de X, com destino a Y, encontra-se com um atrado de Z minutos. Pedimos a vossa compreensão pelos inconvenientes causados".

Ó diabo!... "A compreensão pelos"?
Podemos pedir "desculpas por", mas a compreensão será para (com)alguma coisa, né? Donde tá mali-mali, ora pois num tá?... Parece!

Fica um abraço,

Paula

Nothing more than me disse...

* todos quantos
** atraso

Anónimo disse...

Viva Gigantes!

APC, o meu, mais sentido, pedido de desculpas.
O anónimo que se te dirige num post atrás, sou eu mesma.
Não percebo o por quê mas, estou sem identificação.
Já tentei de tudo para resolver este pequeno senão, de forma inglória.
Quando mencionei o facto de 2009 se perspectivar um ano em "cheio", estava a relacioná-lo comigo. Dizem os "bruxos" que será de realização pessoal e profissional. Será?! até agora, nadica de nadica!!!!!.
Bjs. vou tentar, uma vez mais, solucionar este imbróglio da net.
Isa

isa disse...

Parece que já tenho, novamente, a "chave do Jardim".
Foi difícil, mas.....

Nothing more than me disse...

Ó, cara Isa...!!! :-S

Será que vou poder contar com o teu perdão durante os próximos 10 CLP's? :-P Que susto, menina!... Não me ocorreu, de todo, que aquele comentário pudesse ser teu!
E folgo em ver que encontraste a chave - estava debaixo de um tapete de relva, daqueles que agora se vendem aos quadrados de 1X1, não? ;-))

Agora sim, tudo faz sentido! E olha que bem era tempo de eu ter uma fatiazinha desse tal bolo da realização pessoal, podes crer. Vou acreditar que ele já está amassado e pronto a ir ao forno! A primeira a prová-lo avisa a outra. E bom apetite! ;-)

Hoje vim aqui partilhar convosco a resposta com que o ciberdúvidas me brindou. Costuma-se dizer que "simple is good", contudo, confesso, não o esperava tão simples assim. Bom, mas antes isso, que nada! :-)

http://www.ciberduvidas.com/pergunta.php?id=25576

Resta-me presumir que se deveria optar pela oração "pedimos a vossa compreensão para com os incómodos causados".

... Que é algo que estendo a ti, uma vez mais (lolol).

Bem hajas!!!

Nothing more than me disse...

Bom... Como o ciber não me havia dado uma resposta cabal, repliquei. Acabo de receber um mail nestes termos:

Prezada consulente,

Foi acrescentada a informação que pede à resposta http://ciberduvidas.pt/pergunta.php?id=25576.

Cumprimentos,
Ciberdúvidas


E é que já lá está o acrescento:

Portanto, a construção «pedir a compreensão pelos inconvenientes » não está correcta.

Prontus! :-)