tag:blogger.com,1999:blog-179349722024-03-13T01:31:12.520+00:00O gigante egoísta«Every afternoon, as they were coming from school, the children used to go and play in the Giant's garden.»O Gigante Egoístahttp://www.blogger.com/profile/09324131220103664421noreply@blogger.comBlogger130125tag:blogger.com,1999:blog-17934972.post-85083900735883051442016-02-07T13:46:00.001+00:002016-02-07T13:46:16.773+00:00Não entres manso nessa noite escura / Do not go gentle into that good night<span style="font-family: Trebuchet MS, sans-serif;">Para o meu pai e para o meu padrasto.</span><br />
<span style="font-family: Trebuchet MS, sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Trebuchet MS, sans-serif;">Recriação poética de "<b style="background-color: white; color: #252525; line-height: 22.4px;">Do not go gentle into that good night</b>" de Dylan Thomas.</span><br />
<span style="font-family: Trebuchet MS, sans-serif;"><br /></span>
<div style="text-align: center;">
<span style="font-family: Trebuchet MS, sans-serif;">*</span></div>
<span style="font-family: Trebuchet MS, sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Trebuchet MS, sans-serif;">Não entres manso nessa noite escura,</span><br />
<span style="font-family: Trebuchet MS, sans-serif;">A velhice deve arder em fúria até ao final do dia;</span><br />
<span style="font-family: Trebuchet MS, sans-serif;">Grita, grita contra o cair da negrura.</span><br />
<span style="font-family: Trebuchet MS, sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Trebuchet MS, sans-serif;">Embora os homens sábios, no seu fim, saibam certa a escuridão que se afigura,</span><br />
<span style="font-family: Trebuchet MS, sans-serif;">Porque das suas palavras o raio não nascia,</span><br />
<span style="font-family: Trebuchet MS, sans-serif;">Não entres manso nessa noite escura.</span><br />
<span style="font-family: Trebuchet MS, sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Trebuchet MS, sans-serif;">Homens bons, despedindo-se os últimos, gemendo pela alvura </span><br />
<span style="font-family: Trebuchet MS, sans-serif;">Com que os seus gestos fracos poderiam ter dançado em verde baía,</span><br />
<span style="font-family: Trebuchet MS, sans-serif;">Grita, grita contra o cair da negrura.</span><br />
<span style="font-family: Trebuchet MS, sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Trebuchet MS, sans-serif;">Homens ferozes que capturaram e cantaram o sol em voadura,</span><br />
<span style="font-family: Trebuchet MS, sans-serif;">e aprenderam, tarde demais, que sofriam apenas pela sua via,</span><br />
<span style="font-family: Trebuchet MS, sans-serif;">Não entres manso nessa noite escura.</span><br />
<span style="font-family: Trebuchet MS, sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Trebuchet MS, sans-serif;">Homens graves, próximo da morte, vêem sem figura</span><br />
<span style="font-family: Trebuchet MS, sans-serif;">Que olhos cegos também podem brilhar como estrelas e alegria,</span><br />
<span style="font-family: Trebuchet MS, sans-serif;">Grita, grita contra o cair da negrura.</span><br />
<span style="font-family: Trebuchet MS, sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Trebuchet MS, sans-serif;">E tu, meu pai, aí na triste altura,</span><br />
<span style="font-family: Trebuchet MS, sans-serif;">Amaldiçoa-me, abençoa-me agora com o teu olhar feroz, e peço na minha liturgia</span><br />
<span style="font-family: Trebuchet MS, sans-serif;">Não entres manso nessa noite escura.</span><br />
<span style="font-family: Trebuchet MS, sans-serif;">Grita, grita contra o cair da negrura.</span><br />
<span style="font-family: Trebuchet MS, sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Trebuchet MS, sans-serif;">Dylan Thomas, 1951.</span><br />
<br />
<br />
<br />O Gigante Egoístahttp://www.blogger.com/profile/09324131220103664421noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-17934972.post-97607907877536222015-12-08T16:26:00.001+00:002015-12-08T16:26:15.458+00:00A definição violenta da Europa<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://img2.thejournal.ie/inline/1879026/original/?width=630&version=1879026" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="http://img2.thejournal.ie/inline/1879026/original/?width=630&version=1879026" height="224" width="320" /></a></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">A caracterização dessa noção de <b>"identidade europeia"</b> sempre se provou muito difícil, sobretudo em tempos de paz. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Se, por um lado, listas de autores (Dante, Petrarca, Camões, Shakespeare, Ronsard, Racine, Dostoiévski, Kafka...), distanciados no tempo e no espaço, se reportam à mesma matriz cultural (os modelos clássicos gregos e latinos modulados por conceitos judaico-cristãos originais), por outro lado, sobretudo na última década, vemos uma Europa de costas voltadas, não obstante as pantomimas encenadas </span><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">nas instituições da União Europeia.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">No entanto, essa mesma "identidade europeia" tem-se vindo a reforçar e definir reactivamente aos ataques terroristas de inspiração islâmica.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">A este propósito, recordo o artigo de Adriano Moreira, publicado no Diário de Notícias de 1-5-2012.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></div>
<blockquote class="tr_bq" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">A unidade da Europa perante o mundo parece ter exigido, na sua narrativa histórica, a existência de um perigo iminente, designadamente de uma agressão. (...) A última guerra mundial, e a guerra fria que se lhe seguiu por meio século, foram suficientes para determinar um sentimento de identidade europeia por oposição aos totalitarismos de vários sinais que se recortavam como ameaças (...) Isto sabendo-se, por experiência antiga, que sem um sentido de território próprio, e de identidade suficiente da população perante os vizinhos, que são os outros, não é possível uma unidade política com viabilidade assegurada.</span></blockquote>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Parece ser assim a monstruosidade dos totalitarismos, sobretudo <b>o totalitarismo islâmico</b> na actualidade, que, acentuando o sentimento de perigo colectivo através de acções terroristas, se constitui como fonte reactiva de percepção de identidade europeia, permitindo a possibilidade política de Merkel e Hollande caminharem literalmente de mãos dadas pelas ruas ensanguentadas de Paris.</span></div>
O Gigante Egoístahttp://www.blogger.com/profile/09324131220103664421noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-17934972.post-16156646414003446762014-11-21T17:11:00.001+00:002014-11-21T17:12:26.513+00:00A publicação de entrevistas a "jihadistas" enquanto falso dever de informar<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg_xZLfchCTe-5LJo-IjYAndqqpfFPtD9NNminOiXRW81Gfza-jT1m1ifXunS9OpIJYlEcOES-hbcCMkDXr_84hTUAYiRe31dUPQpmfn_SpwDkfO04nCjyzrDg7ZTRiXNyhaazVnw/s1600/sabado-2014-10-09-4a44dc.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg_xZLfchCTe-5LJo-IjYAndqqpfFPtD9NNminOiXRW81Gfza-jT1m1ifXunS9OpIJYlEcOES-hbcCMkDXr_84hTUAYiRe31dUPQpmfn_SpwDkfO04nCjyzrDg7ZTRiXNyhaazVnw/s1600/sabado-2014-10-09-4a44dc.jpg" height="320" width="239" /></a></div>
<br />
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Trebuchet MS, sans-serif;"><span style="background-color: white; color: #141823; font-size: 14px; line-height: 19px;">É inconcebível que uma revista portuguesa publique uma entrevista ao "jihadista português", sobretudo quando se sabe que mata por motivos político-religiosos. O interesse que o público possa ter na compreensão deste mal deverá ser publicado apenas, e só apenas, depois de uma estruturação adequada e submissão a um pensamento crítico, como aconteceu com Eichmann. Arendt não convidou o nazi para o seu so</span><span class="text_exposed_show" style="background-color: white; color: #141823; display: inline; font-size: 14px; line-height: 19px;">fá para divulgar a sua defesa mesmo antes de qualquer julgamento. Isso não é "dever de informar", é mera curiosidade mórbida; e mais agravada quando constitui, simultaneamente, propaganda (de capa!) ao ISIS, que manifestamente recruta através de acções de divulgação mediática como esta. A Sábado, ao dar voz a jihadistas assassinos, participa no recrutamento de outros jihadistas (que não passam de "rebeldes sem causa") e banaliza seriamente a questão do mal, adormecendo-a.</span></span></div>
O Gigante Egoístahttp://www.blogger.com/profile/09324131220103664421noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-17934972.post-21730896857547181522012-04-28T21:22:00.001+01:002012-04-28T21:22:55.538+01:00O gladiador<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg4GDfgOhg54LOIRtZWiIfg46JTLzyPSYXRUzDAJ-gIMfGNPgXjw4Pjw1INC8OC3aAGIwdiywGLtOazORTLVFsvHljhBK0_vXIoc7OSddqucZhiE0_Hk8pRfECnvsi3QVfLHfFoFg/s1600/habet+simeon+solomon.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg4GDfgOhg54LOIRtZWiIfg46JTLzyPSYXRUzDAJ-gIMfGNPgXjw4Pjw1INC8OC3aAGIwdiywGLtOazORTLVFsvHljhBK0_vXIoc7OSddqucZhiE0_Hk8pRfECnvsi3QVfLHfFoFg/s1600/habet+simeon+solomon.jpg" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><span style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif; font-size: xx-small;">Habet! </span></td></tr>
</tbody></table>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: x-small;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: x-small;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: x-small;">A Roma antiga era detentora de uma dualidade desconcertante: por um lado, constituiu o pilar da administração central e do Direito, da construção de estradas e aquedutos, e de medidas de higiene pública; por outro, deliciava-se com o espectáculo de esquartejamento entre gladiadores.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: x-small;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: x-small;">Embora, na sociedade actual, repudiemos veementemente esse espectáculo, ele continua a ser, de entre todas as conquistas romanas, o facto mais reproduzido -- vejam-se os livros de História, veja-se no cinema 'O Gladiador', veja-se na televisão a série 'Spartacus'.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: x-small;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: x-small;">Este dualismo ambíguo de repulsa e atracção pede que reflictamos profundamente na nossa própria relação com a violência. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: x-small;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: x-small;">Tito, em 80 d.C., mandou organizar em Roma jogos em honra do Coliseu que duraram 100 dias. Num só dia combateram 3000 homens. Na geração seguinte, Trajano celebrou uma vitória militar com jogos que duraram 123 dias, ao longo dos quais se mataram 11000 animais e combateram 10000 gladiadores. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: x-small;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: x-small;">Estas extravagâncias imperiais, que fazem qualquer filme de James Cameron parecer insípido, foram concebidas para ser avassaladoras, únicas e monumentais, e além de tremendamente dispendiosas foram organizadas como forma de declarar agressiva e publicamente o poder absoluto do imperador sobre o mundo terreno.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: x-small;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: x-small;">O tamanho da multidão era proporcional à carnificina. O Coliseu de Roma tinha uma capacidade máxima de 50000 lugares, que se esgotavam aquando dos jogos, sendo os espectadores homens e rapazes de todos os estratos sociais. As mulheres só eram permitidas na comitiva do imperador. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: x-small;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: x-small;">Para a elite, os jogos constituíam uma espécie de festa chique, na qual viam um trampolim social. Os senadores rico, mas em particular os imperadores, competiam na organização dos eventos mais sumptuosos e memoráveis.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: x-small;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: x-small;">Os últimos combates entre gladiadores de que há registo remontam ao século VI, tendo desaparecido, não por falta de motivação, mas por falta de dinheiro.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: x-small;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: x-small;">Os gladiadores distribuíam-se por quatro categorias. Todos usavam uma tanga e caneleiras de bronze. Três das categorias caracterizavam-se ainda pelo uso de um grande capacete, uma manga de metal ou couro a proteger um dos braços e um escudo. O quarto tipo de gladiador era o 'reciário' («homem da rede»), que lutava com rede e tridente, mas sem capacete. As categorias lutavam entre si, de forma a contrabalançar as habilidades próprias de cada uma. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: x-small;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: x-small;">Este equipamento-padrão revelava o corpo de duas maneiras sugestivas: a maioria dos gladiadores tinha a cabeça oculta pelo capacete, o que significava que o combate não era ocasião para se observar as expressões de angústia ou de triunfo; segundo, lutavam com o tronco nu - que servia, não para o exibir, mas como símbolo de bravura positiva. O gladiador derrotado tinha de expor o peito a fim de receber o golpe final. Não podia pestanejar, hesitar nem esquivar-se. Tinha de receber o golpe «com o corpo inteiro», segundo as palavras de Cícero. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: x-small;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: x-small;">Para esta ostentação pública do corpo valente e lacerado tornava-se essencial que os gladiadores fossem, por norma, escravos ou criminosos. Os escravos eram tratados como uma categoria humana diferente, sendo habitualmente usados como máquinas, fontes desumanizadas de trabalho. O corpo do escravo não recebia nenhuma protecção inerente ao cidadão. Não tinha direitos e não podia impedir o seu dono de fazer o que quisesse: espancar, marcar com ferro quente ou ter relações sexuais. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: x-small;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: x-small;">Antes mesmo de Kirk Douglas ou Russell Crowe, o gladiador era um símbolo sexual, exercendo uma atracção grosseira. Como declarou Juvenal: «Que é que essas mulheres adoram? A espada...»</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: x-small;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: x-small;">Faustina, a mulher do imperador Marco Aurélio Antonino, engraçou-se por um gladiador e cometeu a asneira de o confiar ao marido. Este mandou imediatamente matá-lo e obrigou Faustina a banhar-se no seu sangue, antes de ter relações sexuais com ela. O filho de ambos, Cómodo, o imperador mais sórdido na sua atitude perante a arena, insistia em lutar em pessoa no espectáculo. Munido de lança e de arco e flechas chacinou, em dois dias, cinco hipopótamos, dois elefantes, um rinoceronte e uma girafa. Chegou a participar nos combates preliminares com gladiadores, embora com espadas rombas, e, sendo imperador, ganhava sempre. Os romanos sentiam-se repugnados com estas exibições. Morreu estrangulado em estado ébrio (não o apunhalaram na arena, como acontece no filme). </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: x-small;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: x-small;">Não obstante toda a demonstração de poder pelo imperador na sumptuosidade dos jogos, nada ultrapassava o facto de, no final do combate, ante o apelo do gladiador vitorioso ao homem que oferecera os jogos, decidir se devia matar ou poupar o adversário. A turba rugia dando a sua opinião, e o imperador, mediante um sinal de mão (polegar para cima significava morte, polegar para baixo significava vida), decidia a sorte do derrotado. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: x-small;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: x-small;">A excitação dos jogos encontrava-se profundamente interligada à linha ténue que separa a vida da morte: o virar de um polegar e a oportunidade de alguém entre a assistência gritar a sentença de morte. Como escreveu Juvenal: «<b>Até os que não matam querem ter o poder de o fazer</b>».</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: x-small;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: x-small;">No momento do clímax, a multidão inteira e os protagonistas do combate centravam a atenção no imperador; e, nesse instante, a própria essência da vida ficava suspensa de um gesto. O poder do imperador apresentava-se intensamente. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: x-small;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: x-small;">Os jogos também tinham uma componente punitiva. Os criminosos eram ali executados em público, e de forma bizarramente variável. Podiam ser 'simplesmente' atirados às feras (que tinham jejuado convenientemente). Tratar os homens como carne para as feras dilacerarem e comerem integrava o rebaixamento humilhante da condição de criminoso para o estatuto de não-humano.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: x-small;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: x-small;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Podiam também ser usados enquanto projécteis em batalhas encenadas; ou podiam mesmo ser usados em encenações de mortes mitológicas, como a queima de Hércules numa pira (protagonizada convenientemente por um criminoso) ou o pecado de Pasífae, que dormiu com um touro, relação da qual nasceu o Minotauro (obrigavam uma mulher a copular com um touro até morrer...). </span><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Ao longo da história da Europa continuaram a ser comuns os castigos públicos e violentos, como a decapitação, o enforcamento, ser-se arrastado, mas as torturas grotescas das reconstituições mitológicas foram exclusivas de Roma. </span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: x-small;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: x-small;">O que mais tem empolgado e fascinado a sociedade ocidental desde a época da Renascença é justamente o arroubo e a excitação da multidão romana -- a turba ululante, febril e vibrante, cristalizada pelo espectáculo da morte humana.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: x-small;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: x-small;">Ficamos tão absorvidos na contemplação dos espectadores como na contemplação da morte. O misto de erotismo e de violência que tanto atrai e repele a audiência moderna está retratado de forma contundente em <b>Habet!</b> de Simeon Solomon, que retrata o momento da morte de um gladiador reflectido nas diversas expressões físicas de desejo e de poder por parte das mulheres. </span></div>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: x-small;"><br /></span>O Gigante Egoístahttp://www.blogger.com/profile/09324131220103664421noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-17934972.post-7233998612948606042011-05-30T13:38:00.002+01:002011-05-30T13:41:21.209+01:00É necessário acordar em semana de eleições: a bananeira está seca.<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj7V0Imbd35IU0wZukEiljN3otETrc9_rAVYw7CLLPY4ozjoRuV_pS-S9nRbYWz9C9kciYHO9PuzfKYM5POhZoeZN5ORo4l4P7H4C3sR4qYC5tzflKDZtN_NJ-N_LM-Ggu_vW8Q4A/s1600/goebbelsap.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj7V0Imbd35IU0wZukEiljN3otETrc9_rAVYw7CLLPY4ozjoRuV_pS-S9nRbYWz9C9kciYHO9PuzfKYM5POhZoeZN5ORo4l4P7H4C3sR4qYC5tzflKDZtN_NJ-N_LM-Ggu_vW8Q4A/s320/goebbelsap.jpg" width="229" /></a></div><br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhgs5LsWNv_u-8_q0xDg3aV32VSPWgs0Prcdl1GSga8Q-OP29GjuQyCkYIZm_wF41FrlW4RiVXBtzitEw_VvrNjWPzemQnDeMh3kZZQeSoIwfrJppSzQuE8B_MKnvRhrBFgqmwT1A/s1600/socrates-6f82.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="251" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhgs5LsWNv_u-8_q0xDg3aV32VSPWgs0Prcdl1GSga8Q-OP29GjuQyCkYIZm_wF41FrlW4RiVXBtzitEw_VvrNjWPzemQnDeMh3kZZQeSoIwfrJppSzQuE8B_MKnvRhrBFgqmwT1A/s320/socrates-6f82.jpg" width="320" /></a></div><div style="text-align: center;"><br />
</div><div style="text-align: right;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;">A razão do sucesso do PS nos últimos anos está numa máquina de propaganda que faria corar Goebbels. O português médio é permeável a esta propaganda e incapaz de ver para além dela. Deixa-se insuflar e adormecer à sombra da bananeira de «ideias» plantadas nas suas celulazinhas cinzentas preguiçosas. Este artigo, escrito nesta semana pelo Arq.º José António Saraiva, revela como se articula a máquina luciferista.</span></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;"><br />
</span></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;"><br />
</span></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;"><br />
</span></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;"><br />
</span></div><div style="text-align: center;"><b><span class="Apple-style-span" style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;">O robô e a máquina de propaganda</span></b></div><div style="text-align: center;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;"><br />
</span></div><div style="text-align: center;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;">por José António Saraiva</span></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;"><br />
</span></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;"><br />
</span></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;"><br />
</span></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;"><br />
</span></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;">A máquina do Governo dispõe de uma redacção que ataca os artigos e os colunistas considerados hostis.</span></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;"><br />
</span></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;">Muitas vezes fala-se da ‘máquina de propaganda’ do Governo socialista. Mas nunca houve uma tentativa séria de investigar como funciona, que métodos utiliza, quantas pessoas envolve, quem a dirige, etc.</span></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;"><br />
</span></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;">Vou dizer o que sei.</span></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;"><br />
</span></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;">Essa máquina desdobra-se por várias frentes. Tem uma espécie de redacção central, que funciona como a redacção de um jornal, cuja missão é fazer constantemente contra-propaganda. Dispõe de um blogue chamado Câmara Corporativa (http://corporacoes.blogspot.com) e está permanentemente atenta a tudo o que se publica, desmentindo as notícias consideradas negativas para o Governo.</span></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;"><br />
</span></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;">Além disso, critica artigos de opinião publicados nos jornais, rebatendo os argumentos e, por vezes, ridicularizando ou desacreditando os seus autores.</span></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;"><br />
</span></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;">Mobiliza pessoas para intervir nos fóruns tipo TSF que hoje existem em todas as estações de rádio e TV.</span></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;"><br />
</span></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;">Selecciona na imprensa internacional notícias, artigos ou entrevistas favoráveis ao Governo português e põe-nos a circular entre jornalistas e colunistas ‘amigos’.</span></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;"><br />
</span></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;">É por esta última razão que vemos às vezes opiniões publicadas em obscuros órgãos de comunicação estrangeiros citadas em Portugal por diversas pessoas como importantes argumentos.</span></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;"><br />
</span></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;">Outra vertente são as relações com jornalistas. Há uma rede de jornalistas ‘amigos’ e a coisa funciona assim: um assessor fala com um jornalista amigo e dá-lhe determinada informação. Chama-se a isto ‘plantar uma notícia’ – e todos os Governos o fazem. Só que, uma vez a notícia publicada, às vezes com pouco destaque, os assessores telefonam a outros jornalistas e sopram-lhes: «Viste aquela notícia no sítio tal? Olha que é verdade! E é importante!». E assim a notícia é amplificada, conseguindo-se um efeito de confirmação.</span></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;"><br />
</span></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;">Umas vezes as notícias plantadas são verdadeiras, outras vezes são falsas. O Expresso, por exemplo, chegou a publicar em semanas consecutivas uma coisa e o seu contrário. Significativamente, o que estava em causa era Teixeira dos Santos, que o PS queria queimar.</span></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;"><br />
</span></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;">E constata-se que as notícias desagradáveis para a oposição têm mais eco do que outras. Veja-se a repercussão que teve uma carta de António Capucho publicada no SOL, que era um documento interessante mas não tinha a relevância que acabou por ter. A máquina de propaganda amplifica as notícias que interessam ao Governo.</span></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;"><br />
</span></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;">Em seguida, os comentadores colocados pelo PS nos vários programas de debate que hoje enxameiam as televisões repetem os argumentos convenientes. José Lello, Sérgio Sousa Pinto, Emídio Rangel, Francisco Assis, etc., repetem à saciedade, às vezes como papagaios, as mesmas ideias. E mesmo António Costa, na Quadratura do Círculo, um programa de características diferentes, não foge à regra: nunca o vi fazer uma crítica directa a Sócrates. Mas vi-o fazer uma crítica brutal a Teixeira dos Santos, na tal altura em que começou a cair em desgraça.</span></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;"><br />
</span></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;">As únicas situações em que as coisas fugiram do controlo da máquina socrática foram os casos Freeport e Face Oculta. Só que aí era impossível abafá-los. E para os combater foram lançadas contra-campanhas, como expliquei noutros artigos. E houve pessoas que pagaram por isso.</span></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;"><br />
</span></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;">A par das relações com os jornalistas, que se processam diariamente, há outro aspecto decisivo que passa pelo controlo dos principais meios.</span></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;"><br />
</span></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;">A tentativa de comprar a TVI falhou, mas José Eduardo Moniz e Manuela Moura Guedes foram afastados e a orientação editorial da estação mudou. José Manuel Fernandes foi afastado do Público, e a orientação do jornal também mudou. Medina Carreira foi afastado da SIC. O SOL foi alvo de uma tentativa de asfixia. E estes são apenas os casos mais conhecidos.</span></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;"><br />
</span></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;">Por outro lado, o Governo soube cultivar boas relações com os patrões dos grandes grupos de media – a Controlinvest, a Cofina e a Impresa –, também como consequência das crises financeiras em que estes se viram mergulhados.</span></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;"><br />
</span></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;">Podemos assim constatar que, das três estações de TV generalistas, nenhuma hoje é hostil ao Governo. A RTP é do Estado, a TVI – que era muito crítica – foi apaziguada, a SIC tem--se vindo a aproximar do Executivo. Ora isto é anormal na Europa. Em quase todos os países há estações próximas da esquerda, há estações próximas da direita, há estações próximas do Governo, há estações próximas da oposição. Em Portugal é diferente.</span></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;"><br />
</span></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;">Ainda no plano da contra-propaganda, já falei noutras alturas da técnica do boomerang. Como funciona? Quando alguém da oposição (regra geral, o líder do PSD) diz qualquer coisa passível de exploração negativa, toda a máquina se põe a mexer para usar essa ideia como arma de arremesso contra quem a proferiu.</span></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;"><br />
</span></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;">Passos Coelho diz que quer mudar certas regras na Saúde – e logo Francisco Assis, Silva Pereira, Vieira da Silva, Jorge Lacão ou Santos Silva, os gendarmes de serviço, vêm gritar: «O PSD quer acabar com o Serviço Nacional de Saúde!». Passos Coelho diz qualquer coisa sobre as escolas públicas e as privadas – e lá vêm os mesmos dizer: «O PSD quer acabar com o ensino público gratuito!». Passos Coelho diz que quer certificar as ‘Novas Oportunidades’ – e os mesmos repetem: «O PSD ofendeu 500 mil portugueses!». E, no final, todos dizem em coro: «O PSD quer acabar com o Estado Social!».</span></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;"><br />
</span></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;">Passos Coelho não soube lidar com isto de início. E, perante estes ataques, acabou muitas vezes por bater em retirada. Propôs uma revisão constitucional e recuou. Outras vezes explicou-se em demasia. E com isso deu uma ideia de impreparação e falta de convicção, que só recentemente conseguiu corrigir.</span></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;"><br />
</span></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;">Mas a máquina não fica por aqui. Tem muitas outras frentes de combate. Os assessores do primeiro-ministro organizam dossiês para cada ministro, dizendo-lhes como devem reagir perante o que diariamente é publicado na imprensa. Assim, bem cedo pela manhã, um assessor telefona a um ministro, faz-lhe uma resenha da imprensa e diz-lhe o que ele deve responder a esta e àquela pergunta.</span></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;"><br />
</span></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;">Claro que há ministros que não aceitam este paternalismo. Que querem ter liberdade para responder pela sua cabeça. Mas esses ficam logo marcados. Admito que Luís Amado não aceite recados, estou certo de que Campos e Cunha não os aceitou, Freitas do Amaral também não. Mas a maioria dos outros aceitou-os ou aceita-os, até para tranquilidade própria: assim têm a certeza de não cometer gaffes e não desagradar ao primeiro-ministro.</span></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;"><br />
</span></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;">E já não falo nos boys colocados em todos os Ministérios e em todas as administrações das empresas públicas e que funcionam como correias de transmissão da opinião do Governo. Rui Pedro Soares é o caso mais conhecido. Mas obviamente não é o único. Eles estão por toda a parte. Muitas vezes nem têm posições de grande relevo. Mas o facto de se saber que são os porta-vozes do poder confere-lhes importância acrescida, porque as pessoas receiam-nos.</span></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;"><br />
</span></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;">Como resultado de tudo isto, muita gente, mesmo dentro do PS, tem medo. Evita falar. No congresso socialista, que mais parecia um encontro da IURD, vimos pessoas respeitáveis participar alegremente na farsa sem um gesto de distanciação. Chegou a meter dó ver António Costa, António Vitorino, o próprio Almeida Santos, envolvidos naquela encenação patética.</span></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;"><br />
</span></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;">Que foi produzida como uma super-produção, com sofisticados meios audiovisuais. Quando Sócrates começou a proferir a primeira das três últimas frases do seu último discurso, uma música ‘heróica’ começou a ouvir-se baixinho. E foi subindo, subindo de tom – e quando Sócrates acabou de falar a música estoirou, as luzes brilharam, não sei se houve fogo preso mas podia ter havido, choveram flores, foi a apoteose.</span></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;"><br />
</span></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;">Quem dirigirá esta poderosa e bem oleada máquina de propaganda e contra-propaganda?</span></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;"><br />
</span></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;">Haverá certamente um núcleo duro, ao qual não serão alheios aqueles que dão a cara nos momentos difíceis: Francisco Assis, Jorge Lacão e os três Silvas: Vieira da Silva, Augusto Santos Silva e Pedro Silva Pereira.</span></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;"><br />
</span></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;">Há quem fale numa personagem misteriosa, sibilina, que não gosta dos holofotes e que dá pelo nome de Luís Bernardo. Actualmente é assessor de Sócrates, antes foi assessor de Carrilho na Cultura. Pedro Norton, actual número 2 da Impresa e seu amigo, diz que ele é «o homem mais inteligente que conhece».</span></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;"><br />
</span></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;">Acontece que uma máquina política pode ser muito boa, pode estar muito bem oleada, pode funcionar na perfeição, mas tem sempre um ponto fraco: depende em última análise da performance de um homem.</span></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;"><br />
</span></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;">Durante anos essa performance foi quase perfeita – por isso chamei a Sócrates um ‘robô político’. Ora esse robô, agora, começou a falhar. E a derrota televisiva perante Passos Coelho pode ter posto em causa toda a engrenagem. O robô engasgou-se, exaltou-se, esteve à beira de colapsar.</span></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;"><br />
</span></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;">E quando isso acontece não há máquina de propaganda que valha.</span></div><div style="text-align: justify;"><br />
</div>O Gigante Egoístahttp://www.blogger.com/profile/09324131220103664421noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-17934972.post-63055053544136063992010-09-06T18:32:00.000+01:002010-09-06T18:32:33.114+01:00Não gostava do George Steiner até...<div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="color: #333333; line-height: 18px;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;"><span class="Apple-style-span" style="font-size: small;"> Nunca apreciei particularmente Steiner. Mas reconheço que prestarei a devida vassalagem doravante, tendo-me rendido à seguinte crítica do filme «Sunset Boulevard»</span></span></span></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="color: #333333; line-height: 18px;"><em><span class="Apple-style-span" style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;"><span class="Apple-style-span" style="font-size: small;"><br />
</span></span></em></span></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="color: #333333; line-height: 18px;"><em><span class="Apple-style-span" style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;"><span class="Apple-style-span" style="font-size: small;"> [Suneset Boulevard] is a nineteen-fifty-something movie starring quite a few actors, produced by someone with money, and directed by someone else whose name is not worth bothering your pretty little head about. The main plot revolves around a group of people who interact with each other by way of talking and gesticulating. All this talking and gesticulating produces a few actions, which produce, in turn, some reactions. The movie starts at the end but gets a grip on itself and comes back, proceeding then in an orderly fashion from start to finish; along the way it passes through several points which could, when taken together, be described as “the middle”. Stuff happens throughout, and consequences to the happening of stuff are also shown. Sometimes, confusingly, different kinds of stuff happen almost at once: two or more people may be talking, or even talking and eating simultaneously, and all of a sudden there is a cut and in the next shot we see someone entirely different driving a car, or shaving, or burying a monkey. It gets pretty frantic up there on the screen, but after a couple of hours of all this stuff happening, stuff suddenly stops happening, meaning that the movie has ended, so, you know, whatever.»</span></span></em></span><span class="Apple-style-span" style="color: #333333; line-height: 18px;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;"><span class="Apple-style-span" style="font-size: small;"> </span></span></span><span class="Apple-style-span" style="color: #333333; line-height: 18px;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;"><span class="Apple-style-span" style="font-size: small;">(George Steiner,</span></span></span><span class="Apple-style-span" style="color: #333333; line-height: 18px;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;"><span class="Apple-style-span" style="font-size: small;"> </span></span></span><span class="Apple-style-span" style="color: #333333; line-height: 18px;"><em><span class="Apple-style-span" style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;"><span class="Apple-style-span" style="font-size: small;">Tiresias’ Curse, or Having Fun at the Movies</span></span></em></span><span class="Apple-style-span" style="color: #333333; line-height: 18px;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;"><span class="Apple-style-span" style="font-size: small;">, p. 328)</span></span></span></div>O Gigante Egoístahttp://www.blogger.com/profile/09324131220103664421noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-17934972.post-12469826491378692182010-08-21T02:36:00.000+01:002010-08-21T02:36:54.421+01:00Tremendas Trivialidades<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiK2VwtgLSglafz0qHovim9O6bGREQ3lu1iG2osb7QGBqUM-kGWgbQhn3ag0C-t1BM5GUtkXdqnCK-d6X-Ded8xqrEV32hdnJkh3nGIvh3xzFlyPLMxJBzHDhFEg0EGywfdk9Jaog/s1600/tremendas+trivialidades.bmp.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiK2VwtgLSglafz0qHovim9O6bGREQ3lu1iG2osb7QGBqUM-kGWgbQhn3ag0C-t1BM5GUtkXdqnCK-d6X-Ded8xqrEV32hdnJkh3nGIvh3xzFlyPLMxJBzHDhFEg0EGywfdk9Jaog/s320/tremendas+trivialidades.bmp.jpg" /></a></div><br />
<br />
<span class="Apple-style-span" style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;"><b><span class="Apple-style-span" style="font-size: small;">Leitura obrigatória.</span></b></span><br />
<span class="Apple-style-span" style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;"><b><span class="Apple-style-span" style="font-size: small;">Surpresa na Ficha Técnica.</span></b></span>O Gigante Egoístahttp://www.blogger.com/profile/09324131220103664421noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-17934972.post-39816432049615286612010-05-15T02:59:00.001+01:002010-05-15T03:04:42.901+01:00Montaigne foreverEste texto, tirado dos Ensaios de Montaigne, recordou-me vivamente o Armando:<br />
<br />
<blockquote>Conheço um fidalgo que, depois de ter recebido um grupo de convidados no seu salão, quatro ou cinco dias mais tarde, contou em tom de anedota (por não haver qualquer verdade nisso) que lhes servira pastelão de gato; uma das damas que se encontrava na reunião ficou de tal modo horrorizada com isto que sucumbiu com um sério problema de estômago e um acesso de febre: foi impossível salvá-la.</blockquote> <i>Ensaios, I, 21</i>O Gigante Egoístahttp://www.blogger.com/profile/09324131220103664421noreply@blogger.com8tag:blogger.com,1999:blog-17934972.post-35496037305073371992010-02-27T20:08:00.003+00:002010-02-27T20:23:47.714+00:00Porque beijamos as pessoas?<a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgzlBNasD6QoODZ1SyETcAGfdG9MkSFuMzJjVRDjUmpv4O8rM5PDUyXqnURZyJ1TRlqW9eEz6aYwld2JqJ1GRTXzjJJ4xJ1k34lVa0O3ksJ973wNMcInuZwebwFcC5H2gdhamLHTA/s1600-h/beijo.jpg"><img style="margin: 0px auto 10px; display: block; text-align: center; cursor: pointer; width: 269px; height: 400px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgzlBNasD6QoODZ1SyETcAGfdG9MkSFuMzJjVRDjUmpv4O8rM5PDUyXqnURZyJ1TRlqW9eEz6aYwld2JqJ1GRTXzjJJ4xJ1k34lVa0O3ksJ973wNMcInuZwebwFcC5H2gdhamLHTA/s400/beijo.jpg" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5443021153281822578" border="0" /></a>
<br /><meta equiv="Content-Type" content="text/html; charset=utf-8"><meta name="ProgId" content="Word.Document"><meta name="Generator" content="Microsoft Word 11"><meta name="Originator" content="Microsoft Word 11"><link rel="File-List" href="file:///C:%5CUsers%5CALEXAN%7E1%5CAppData%5CLocal%5CTemp%5Cmsohtml1%5C01%5Cclip_filelist.xml"><!--[if gte mso 9]><xml> <w:worddocument> <w:view>Normal</w:View> <w:zoom>0</w:Zoom> <w:hyphenationzone>21</w:HyphenationZone> <w:punctuationkerning/> <w:validateagainstschemas/> <w:saveifxmlinvalid>false</w:SaveIfXMLInvalid> <w:ignoremixedcontent>false</w:IgnoreMixedContent> <w:alwaysshowplaceholdertext>false</w:AlwaysShowPlaceholderText> <w:compatibility> <w:breakwrappedtables/> <w:snaptogridincell/> <w:wraptextwithpunct/> <w:useasianbreakrules/> <w:dontgrowautofit/> </w:Compatibility> <w:browserlevel>MicrosoftInternetExplorer4</w:BrowserLevel> </w:WordDocument> </xml><![endif]--><!--[if gte mso 9]><xml> <w:latentstyles deflockedstate="false" latentstylecount="156"> </w:LatentStyles> </xml><![endif]--><style> <!-- /* Style Definitions */ p.MsoNormal, li.MsoNormal, div.MsoNormal {mso-style-parent:""; margin:0cm; margin-bottom:.0001pt; mso-pagination:widow-orphan; font-size:12.0pt; font-family:"Times New Roman"; mso-fareast-font-family:"Times New Roman";} @page Section1 {size:595.3pt 841.9pt; margin:70.85pt 3.0cm 70.85pt 3.0cm; mso-header-margin:35.4pt; mso-footer-margin:35.4pt; mso-paper-source:0;} div.Section1 {page:Section1;} --> </style><!--[if gte mso 10]> <style> /* Style Definitions */ table.MsoNormalTable {mso-style-name:"Tabela normal"; mso-tstyle-rowband-size:0; mso-tstyle-colband-size:0; mso-style-noshow:yes; mso-style-parent:""; mso-padding-alt:0cm 5.4pt 0cm 5.4pt; mso-para-margin:0cm; mso-para-margin-bottom:.0001pt; mso-pagination:widow-orphan; font-size:10.0pt; font-family:"Times New Roman"; mso-ansi-language:#0400; mso-fareast-language:#0400; mso-bidi-language:#0400;} </style> <![endif]--> <p style="text-align: justify; font-family: trebuchet ms;" class="MsoNormal">
<br /></p><p style="text-align: justify; font-family: trebuchet ms;" class="MsoNormal">
<br /></p><p style="text-align: justify; font-family: trebuchet ms;" class="MsoNormal"><span style="font-size:85%;">Porque beijamos as pessoas? Será apenas para desencadear potenciais de acção nas abundantes terminações nervosas sensitivas dos lábios? Será apenas para obter uma satisfação física? Ou procuramos mais do que isso? As expectativas que levamos na boca num beijo inicial vão além de uma tentativa de prazer suave e húmido, parecemos querer realmente saborear a pessoa em si e por inteiro, prendê-la como se os lábios fossem capazes de formas superiores de posse. A boca é, neste como noutros muitos sentidos, a maior sede de expressão da intimidade. Mas na verdade, talvez na verdade da modernidade, o beijo perdeu muito do seu poder. A boca, nesse sentido, constitui-se como simples órgão imperfeito de apreciação e de atribuição de prazer. E assim considerado, com as suas limitações, leva-nos ao erro de confundirmos o tédio que passou a ser um beijo com o tédio que acreditamos ser da pessoa que beijamos.</span></p> O Gigante Egoístahttp://www.blogger.com/profile/09324131220103664421noreply@blogger.com8tag:blogger.com,1999:blog-17934972.post-8689038294393632622010-01-19T16:13:00.002+00:002010-01-19T16:17:27.736+00:00Bem-vindo à modernidade, Ms. Proust<div style="text-align: justify;"><span style="font-family: trebuchet ms;">Proust descreve o seu estado habitual como «suspenso entre cafeína, aspirina, asma, angina de peito e, basicamente, entre a vida e a morte seis em cada sete dias».</span><br /></div>O Gigante Egoístahttp://www.blogger.com/profile/09324131220103664421noreply@blogger.com7tag:blogger.com,1999:blog-17934972.post-33087575700341524752009-12-29T17:18:00.002+00:002009-12-29T17:35:44.920+00:00O plural de Pai Natal é Pais Natais<div style="text-align: justify;"><span style="font-family: trebuchet ms;">Este texto tem como único objectivo dar um modesto contributo para a divulgação, na blogosfera, deste plural. Apesar de o horripilante plural "pais-natal" ser insistentemente corrigido todos os anos pelos linguistas, nem os portugueses médios nem os </span><span style="font-style: italic; font-family: trebuchet ms;">media</span><span style="font-family: trebuchet ms;"> portugueses parecem aprender.</span><br /><br /><span style="font-family: trebuchet ms;"><span style="font-weight: bold;">Pai Natal</span>, que se escreve </span><span style="font-family: trebuchet ms; font-style: italic;">sem hífen</span><span style="font-family: trebuchet ms;">, é uma expressão lexical (e não um substantivo composto, caso no qual teria de ser obrigatoriamente grafado com hífen ou, pelo menos, preposicionado), constituída por um substantivo (Pai) e um adjectivo (Natal). Como na língua portuguesa os adjectivos concordam em género e número com os substantivos que qualificam, então Natal passa a Natais quando Pai passa a Pais: <span style="font-weight: bold;">Pais Natais</span>. </span><br /><br /><span style="font-family: trebuchet ms;">Na minha opinião, mesmo que se tratasse de um substantivo composto (coisa a que estamos condenados), o plural continuaria a ser Pais-Natais, uma vez que não me parece que Natal, tido como substantivo, determine o substantivo Pai (é estranho usar o argumento "há vários pais, mas só alguns são natal", pois também se aplicaria da mesma forma: "há várias couves, mas só algumas são flor", quando o plural de couve-flor é, reconhecidamente, couves-flores). Contudo, admito discordância neste ponto.</span><br /><br /><span style="font-family: trebuchet ms;">A língua está viva, para o bem e para o mal.</span><br /></div>O Gigante Egoístahttp://www.blogger.com/profile/09324131220103664421noreply@blogger.com5tag:blogger.com,1999:blog-17934972.post-25816776694851667472009-12-28T10:44:00.003+00:002009-12-28T11:05:41.860+00:00E agora: função do amor na fenomenologia do eu.<blockquote style="font-family: trebuchet ms;">Um homem pode alcançar tudo na solidão, excepto um carácter.<br />Stendhal<br /></blockquote><br /><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: trebuchet ms;">Descartes pôs em evidência a incontornabilidade da existência de um ser-pensante, pois mesmo que duvidasse metodicamente de tudo o que existia dava consigo mesmo a pensar, e isso era indubitável, pois era o próprio processo pelo qual ele podia duvidar. A isto corresponde, de certa forma, o facto inegável da existência do eu. Mas esse eu não é uma estrutura perfeitamente integrada, mas é, isso sim, uma estrutura balcanizada. Há uma identidade subjacente, mas a sua fluidez requer a influência dos outros. Esta é uma característica única do ser humano: a necessidade do outro para se definir e conhecer a si próprio. Ele não pode ter uma noção correcta de si próprio se não existirem outros que lhe mostrem (por uma espécie de mecanismo de </span><span style="font-style: italic; font-family: trebuchet ms;">feedback</span><span style="font-family: trebuchet ms;">) como ele é. A asserção de Stendhal traduz a noção de que o nosso carácter nasce nas reacções dos outros a nós próprios. Isto implica que necessitamos dos outros para nos sentirmos completos. </span><br /><br /><span style="font-family: trebuchet ms;">Sentirmo-nos completos lembra-nos a ideia aristofânica da cara-metade proposta no banquete platónico. O ponto a que quero chegar é que o amor é a função através da qual nos podemos sentir completos. O amor permite um </span><span style="font-style: italic; font-family: trebuchet ms;">feedback</span><span style="font-family: trebuchet ms;"> contínuo, que funciona como uma confirmação permanente da nossa identidade própria. São, assim, necessários sempre dois para que haja uma completude identitária.</span><br /><br /><span style="font-family: trebuchet ms;">Pode ser assim entendido o conceito de um Deus, central à maioria das religiões, Deus esse que nos vê a todo o momento e nos ama. Ser visto significa que se existe, e ser visto por alguém que nos ama é receber os contornos directores daquilo que nós próprios desejamos intrinsecamente ser.</span><br /></div>O Gigante Egoístahttp://www.blogger.com/profile/09324131220103664421noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-17934972.post-3556347522574679992009-12-21T11:28:00.003+00:002009-12-21T11:32:08.362+00:00Os defeitos<span style="font-family: trebuchet ms;"><blockquote>Perceber o que as pessoas nos escondem é fácil, mas não leva a lado nenhum.<br />E Canetti</blockquote><br /><br />Para quê querer encontrar os defeitos da pessoa que amamos? É na idealização romântica que se constrói o nosso amor, procurar a desidealização é procurar a desconstrução e, por conseguinte, viver na desilusão.<br /></span><span style="font-family: trebuchet ms;"></span><span style="font-family: trebuchet ms;"></span>O Gigante Egoístahttp://www.blogger.com/profile/09324131220103664421noreply@blogger.com5tag:blogger.com,1999:blog-17934972.post-60845944854405449312009-09-03T00:01:00.006+01:002009-09-03T00:40:35.053+01:00Rogério Casanova - «Pastoral Portuguesa»<a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjdNqgOLMa_F1SiA-_7o3Sf8O5_fRSK99JFIG6sgmmcVhoVzbICC_qwhvy10bElmjXwvH6felYv7jpQGOdJV4jSBOEgkhj-PD9_ehV5hzsrBGSQHle7xPiJhS9jM95S_0WPO4FNtQ/s1600-h/2731777_9CvZU.jpeg"><img style="margin: 0px auto 10px; display: block; text-align: center; cursor: pointer; width: 289px; height: 400px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjdNqgOLMa_F1SiA-_7o3Sf8O5_fRSK99JFIG6sgmmcVhoVzbICC_qwhvy10bElmjXwvH6felYv7jpQGOdJV4jSBOEgkhj-PD9_ehV5hzsrBGSQHle7xPiJhS9jM95S_0WPO4FNtQ/s400/2731777_9CvZU.jpeg" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5377016012938340082" border="0" /></a><br /><div style="text-align: justify;"><br /><br /><span style="font-family:trebuchet ms;">Sempre me confundiu o uso do vocábulo 'hilariante'. As primeiras vezes que tive contacto com ele (estranhamente, lembro-me da primeira vez que tive contacto com um grande número de palavras) foi em desenhos-animados que propalavam o uso do 'gás hilariante' como método terrificamente incapacitante de inimigos. Numa determinada tarde de domingo dos anos 90 iniciais, inevitavelmente reservada a uma caminhada até ao clube de vídeo (supina diversão naquela época, naquela cidade), deparei-me com a capa de uma cassete VHS de um filme qualquer sobre porcos e gargalhadas. Aparentes críticos (de provável inserção ideológica em correntes anti-kakutanianas) classificavam-no, não só como a 'melhor comédia do ano', mas como uma obra 'hilariante'. Acreditei candidamente que seria uma história que me faria rir a bandeiras despregadas. Será fácil de perceber porque se tornou nebuloso, na minha mente ingénua de então, o conceito de hilariante. A verdade é que a forma desse conceito poucas vezes</span><span style="font-family:trebuchet ms;">, ao longo da minha vida,</span><span style="font-family:trebuchet ms;"> foi preenchida com um conteúdo. Lembro-me, mais recentemente, dos discursos pausados do Bruno Aleixo, na sua crítica à ingénua e maliciosa estupidez da sociedade portuguesa, e da sua estética a roçar o </span><span style="font-style: italic;font-family:trebuchet ms;" >kitsch</span><span style="font-family:trebuchet ms;">.</span><br /><br /><span style="font-family:trebuchet ms;">Rogério Casanova era um ilustre desconhecido meu, até assinar, prenho de uma emoção lacrimejantemente cultural, a revista LER por um período de 12 meses, completos com direito a dicionário Houaiss de sinonímia. Casanova é um dos cronistas e escreve delirantemente sobre os temas mais eruditos e seriamente sobre os temas mais abstrusos, descortinando significados que parodiam caricaturalmente a realidade quotidiana (o que, de resto, sempre assumiu um papel prevalente na interpretação e compreensão do mundo através da arte). Casanova é o 'olho que fica de fora' de que nos falava Virginia Woolf, aquele cinismo que é necessário para nos apartarmos disto (a realidade) e, assim, termos as condições de acesso à sua inteligibilidade asseguradas. Comte dizia que ninguém pode estar à janela para se ver passar na rua: o escritor faz isso mesmo, deixa um terceiro olho na janela para se ver passar na rua. E Casanova faz também isso, misturando um insuperável humor na análise do que vê passar na rua. Pode haver quem critique o uso do humor como alguma falta de seriedade em temas que não se admitem como não sendo sérios. Mas, para mim, quem continua a ter razão é Goethe: o humor é o pátio de recreio da inteligência. Casanova é um escritor (e não afirmo isto de ânimo leve); e é um escritor inteligente.</span><br /></div>O Gigante Egoístahttp://www.blogger.com/profile/09324131220103664421noreply@blogger.com5tag:blogger.com,1999:blog-17934972.post-84203037498712820162009-05-12T11:39:00.000+01:002009-05-12T11:41:01.163+01:00<div style="text-align: center;"><span style="font-size:100%;"><span style="font-family: trebuchet ms;">Nada se torna mais fácil com a passagem do tempo, nem mesmo a passagem do tempo.</span></span><br /></div>O Gigante Egoístahttp://www.blogger.com/profile/09324131220103664421noreply@blogger.com6tag:blogger.com,1999:blog-17934972.post-60155938143645491052009-04-25T16:54:00.001+01:002009-04-25T17:04:22.136+01:00Artigo de João Miguel Tavares - e o processo de Sócrates.<div style="text-align: justify;"><span style="font-size:100%;">Depois do rifão de Madonna,<br /><br /></span><blockquote><span style="font-size:100%;">Ambrósio, apetecia-me adoptar algo. </span></blockquote><span style="font-size:100%;"><br /><br />Aparece o rifão de José Sócrates,<br /></span><blockquote><span style="font-size:100%;"><br />Ambrósio, apetecia-me processar algo.</span></blockquote><span style="font-size:100%;"><br /><br />Muita discussão foi levantada no cenário de comentário político, desde a entrevista de José Sócrates a Judite de Sousa. Parece que a birra com quem não alinha com ele conduz inevitavelmente à via judicial.<br /><br />Aqui fica o artigo que levou ao processo de João Miguel Tavares, publicado em 3 de Março de 2009, no Diário de Notícias. Para divulgar e dar uma lição de democracia ao nosso PM.</span><br /><br /><h2 style="font-family: trebuchet ms;"><span style="font-size:100%;">JOSÉ SÓCRATES, O CRISTO DA POLÍTICA PORTUGUESA</span></h2> <p style="font-family: trebuchet ms;"><span style="font-size:100%;">por</span></p> <p style="font-family: trebuchet ms;"><span style="font-size:100%;">João Miguel Tavares</span></p> <p style="font-family: trebuchet ms;"><span style="font-size:100%;">Jornalista - jmtavares@dn.pt<em>03</em> Março <em>2009</em><img src="http://dn.sapo.pt/Common/Images/img_dn/icn_comentario.gif" alt="" /></span></p> <p style="font-family: trebuchet ms;"><span style="font-size:100%;">Ver José Sócrates apelar à moral na política é tão convincente quanto a defesa da monogamia por parte de Cicciolina. A intervenção do secretário-geral do PS na abertura do congresso do passado fim-de-semana, onde se auto-investiu de grande paladino da “decência na nossa vida democrática”, ultrapassa todos os limites da cara de pau. A sua licenciatura manhosa, os projectos duvidosos de engenharia na Guarda, o caso Freeport, o apartamento de luxo comprado a metade do preço e o também cada vez mais estranho caso Cova da Beira não fazem necessariamente do primeiro-ministro um homem culpado aos olhos da justiça. Mas convidam a um mínimo de decoro e recato em matérias de moral.</span></p> <p style="font-family: trebuchet ms;"><span style="font-size:100%;">José Sócrates, no entanto, preferiu a fuga para a frente, lançando-se numa diatribe contra directores de jornais e televisões, com o argumento de que “quem escolhe é o povo porque em democracia o povo é quem mais ordena”. Detenhamo- -nos um pouco na maravilha deste raciocínio: reparem como nele os planos do exercício do poder e do escrutínio desse exercício são intencionalmente confundidos pelo primeiro-ministro, como se a eleição de um governante servisse para aferir inocências e o voto fornecesse uma inabalável imunidade contra todas as suspeitas. É a tese Fátima Felgueiras e Valentim Loureiro - se o povo vota em mim, que autoridade tem a justiça e a comunicação social para andarem para aí a apontar o dedo? Sócrates escolheu bem os seus amigos.</span></p> <p style="font-family: trebuchet ms;"><span style="font-size:100%;">Partindo invariavelmente da premissa de que todas as notícias negativas que são escritas sobre a sua excelentíssima pessoa não passam de uma campanha negra - feitas as contas, já vamos em cinco: licenciatura, projectos, Freeport, apartamento e Cova da Beira -, José Sócrates foi mais longe: “Não podemos consentir que a democracia se torne o terreno propício para as campanhas negras.” Reparem bem: não podemos “consentir”. O que pretende então ele fazer para corrigir esse terrível defeito da nossa democracia? Pôr a justiça sob a sua nobre protecção? Acomodar o procurador-geral da República nos aposentos de São Bento? Devolver Pedro Silva Pereira à redacção da TVI?</span></p> <p style="font-family: trebuchet ms;"><span style="font-size:100%;">À medida que se sente mais e mais acossado, José Sócrates está a ultrapassar todos os limites. Numa coisa estamos de acordo: ele tem vergonha da democracia portuguesa por ser “terreno propício para as campanhas negras”; eu tenho vergonha da democracia portuguesa por ter à frente dos seus destinos um homem sem o menor respeito por aquilo que são os pilares essenciais de um regime democrático. Como político e como primeiro-ministro, não faltarão qualidades a José Sócrates. Como democrata, percebe-se agora porque gosta tanto de Hugo Chávez.</span></p><br /></div>O Gigante Egoístahttp://www.blogger.com/profile/09324131220103664421noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-17934972.post-71828554413756263022009-04-19T12:58:00.002+01:002009-04-19T13:09:18.692+01:00a inevitabilidade da morte.<a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgMI2-9fR1-t96v3iDvx5t8PhJskEFsollJgm6R0VIPXnFaLiRiZBpnmuCgRL4lN26QBXrpgwOVlBq1pNs_LHv_FXNrUGAJ1Zb8wCBuDeNi_QxXctUdCrDwncsg4Hgo9LT8erjvaA/s1600-h/rfrostyoung.jpg"><img style="margin: 0px auto 10px; display: block; text-align: center; cursor: pointer; width: 371px; height: 400px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgMI2-9fR1-t96v3iDvx5t8PhJskEFsollJgm6R0VIPXnFaLiRiZBpnmuCgRL4lN26QBXrpgwOVlBq1pNs_LHv_FXNrUGAJ1Zb8wCBuDeNi_QxXctUdCrDwncsg4Hgo9LT8erjvaA/s400/rfrostyoung.jpg" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5326371772343749090" border="0" /></a><br /><span style="font-family:trebuchet ms;"><span style="font-size:100%;"><span style="font-weight: bold;"><br /><br />After apple picking</span></span><br /><span style="font-size:85%;">Robert Frost</span></span><br /><br /><span style="font-family:trebuchet ms;">My long two-pointed ladder's sticking through a tree</span> <span style="font-family:trebuchet ms;"> <br />Toward heaven still,</span> <span style="font-family:trebuchet ms;"> <br />And there's a barrel that I didn't fill</span> <span style="font-family:trebuchet ms;"> <br />Beside it, and there may be two or three</span> <span style="font-family:trebuchet ms;"> <br />Apples I didn't pick upon some bough.</span><br /><span style="font-family:trebuchet ms;"> But I am done with apple-picking now.</span> <span style="font-family:trebuchet ms;"> <br />Essence of winter sleep is on the night,</span><br /><span style="font-family:trebuchet ms;"> The scent of apples: I am drowsing off.</span> <span style="font-family:trebuchet ms;"> <br />I cannot rub the strangeness from my sight</span><br /><span style="font-family:trebuchet ms;"> I got from looking through a pane of glass</span><br /><span style="font-family:trebuchet ms;"> I skimmed this morning from the drinking trough</span> <span style="font-family:trebuchet ms;"> <br />And held against the world of hoary grass.</span><br /><span style="font-family:trebuchet ms;"> It melted, and I let it fall and break.</span><br /><span style="font-family:trebuchet ms;"> But I was well</span> <span style="font-family:trebuchet ms;"> <br />Upon my way to sleep before it fell,</span><br /><span style="font-family:trebuchet ms;">And I could tell</span> <span style="font-family:trebuchet ms;"> <br />What form my dreaming was about to take.</span> <span style="font-family:trebuchet ms;"> <br />Magnified apples appear and disappear,</span> <span style="font-family:trebuchet ms;"> <br />Stem end and blossom end,</span> <span style="font-family:trebuchet ms;"> <br />And every fleck of russet showing clear.</span><br /><span style="font-family:trebuchet ms;"> My instep arch not only keeps the ache,</span><br /><span style="font-family:trebuchet ms;"> It keeps the pressure of a ladder-round.</span> <span style="font-family:trebuchet ms;"> <br />I feel the ladder sway as the boughs bend.</span> <span style="font-family:trebuchet ms;"> <br />And I keep hearing from the cellar bin</span> <span style="font-family:trebuchet ms;"> <br />The rumbling sound</span><br /><span style="font-family:trebuchet ms;"> Of load on load of apples coming in.</span> <span style="font-family:trebuchet ms;"> <br />For I have had too much</span><br /><span style="font-family:trebuchet ms;"> Of apple-picking: I am overtired</span> <span style="font-family:trebuchet ms;"> <br />Of the great harvest I myself desired.</span> <span style="font-family:trebuchet ms;"> <br />There were ten thousand thousand fruit to touch,</span><br /><span style="font-family:trebuchet ms;"> Cherish in hand, lift down, and not let fall.</span><br /><span style="font-family:trebuchet ms;"> For all</span> <span style="font-family:trebuchet ms;"> <br />That struck the earth,</span> <span style="font-family:trebuchet ms;"> <br />No matter if not bruised or spiked with stubble,</span> <span style="font-family:trebuchet ms;"> <br />Went surely to the cider-apple heap</span> <span style="font-family:trebuchet ms;"> <br />As of no worth.</span><br /><span style="font-family:trebuchet ms;"> One can see what will trouble</span> <span style="font-family:trebuchet ms;"> <br />This sleep of mine, whatever sleep it is.</span><br /><span style="font-family:trebuchet ms;"> Were he not gone,</span> <span style="font-family:trebuchet ms;"> <br />The woodchuck could say whether it's like his</span><br /><span style="font-family:trebuchet ms;"> Long sleep, as I describe its coming on,</span><br /><span style="font-family:trebuchet ms;"> Or just some human sleep.</span>O Gigante Egoístahttp://www.blogger.com/profile/09324131220103664421noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-17934972.post-20345183649416027262009-01-31T23:31:00.001+00:002009-01-31T23:33:35.868+00:00A casa da sorte...<a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiHxmuS4fLxGUE-m8u-PjQpR2Vx22O53cb2ZlLY2YrvP_2-XfKLLFxtUDiqjHPbfscDHMc0pzbYdq-qPW7suKCuokC1K8NXnmrT1VMXyEnO8Lde02CiBhWzwFVe_Yk-vQUZODIglg/s1600-h/Fotos-0004.jpg"><img style="margin: 0px auto 10px; display: block; text-align: center; cursor: pointer; width: 300px; height: 400px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiHxmuS4fLxGUE-m8u-PjQpR2Vx22O53cb2ZlLY2YrvP_2-XfKLLFxtUDiqjHPbfscDHMc0pzbYdq-qPW7suKCuokC1K8NXnmrT1VMXyEnO8Lde02CiBhWzwFVe_Yk-vQUZODIglg/s400/Fotos-0004.jpg" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5297604994493539042" border="0" /></a>O Gigante Egoístahttp://www.blogger.com/profile/09324131220103664421noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-17934972.post-85605376734224024842009-01-24T19:18:00.002+00:002009-01-24T19:21:26.381+00:00A simplicidade chinesa - 1<a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiaZrbU3HFuwCVWbToCqJO-3aIq86tDskB8gt97_6PlsQmn3CUSdNm5EgDjoAPN2SvPrg3n2QDn059EIiyXUUPKGG3v4nfYYV4DPNR_5Jxg-qt0X0dwmXo46aqQJymbDbTSHol2kA/s1600-h/Imagem(07).jpg"><img style="margin: 0px auto 10px; display: block; text-align: center; cursor: pointer; width: 400px; height: 300px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiaZrbU3HFuwCVWbToCqJO-3aIq86tDskB8gt97_6PlsQmn3CUSdNm5EgDjoAPN2SvPrg3n2QDn059EIiyXUUPKGG3v4nfYYV4DPNR_5Jxg-qt0X0dwmXo46aqQJymbDbTSHol2kA/s400/Imagem(07).jpg" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5294942494672542722" border="0" /></a><br /><br /><br /><div style="text-align: center;">Três adjectivos caracterizam sucintamente o conteúdo da loja. Para quê complicar?<br /></div>O Gigante Egoístahttp://www.blogger.com/profile/09324131220103664421noreply@blogger.com5tag:blogger.com,1999:blog-17934972.post-81218656651565214392009-01-24T02:32:00.002+00:002009-01-24T02:35:55.107+00:00Primeiro tema gramatical: para aquecer os motoresEnviei ontem uma dúvida para o Ciberdúvidas. Não foi, portanto, ainda respondida.<br /><br />A questão é:<br />Quando o verbo ser indica uma quantidade bem determinada é regido da preposição 'de'? Ou seja, deve-se escrever, por exemplo, «A média de idades foi <span style="font-weight: bold;">de</span> 75 anos»; ou, por outro lado, é preferível escrever «A média de idades foi 75 anos»?O Gigante Egoístahttp://www.blogger.com/profile/09324131220103664421noreply@blogger.com19tag:blogger.com,1999:blog-17934972.post-25781690662776670142009-01-24T02:26:00.003+00:002009-01-24T02:31:22.424+00:00A Ressurreição em IbsenTalvez uma das melhores traduções literárias do tema da Ressurreição dos Mortos: tanto para crentes como para não-crentes.<br /><br /><blockquote>Eu queria retratar a mulher perfeita, como eu sentia que ela devia despertar no dia da Ressurreição: não maravilhada perante algo desconhecido e impressentido, mas plena de uma alegria santificada ao descobrir-se a si mesma inalterada...</blockquote><br /><br /><span style="font-size:85%;">Peças escolhidas de Ibsen, vol. 1<br />«Quando nós, os mortos, despertamos»<br />Edições cotovia, p. 35</span>O Gigante Egoístahttp://www.blogger.com/profile/09324131220103664421noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-17934972.post-23486762821497176542009-01-13T15:48:00.002+00:002009-01-13T15:49:19.891+00:00Campeonato da Língua Portuguesa 2009<a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgtSOVqcDztm7xpPTnELV853ZRUtmPs7Fx9onf7UQZtl21C-NytFK4KkelUxrW7SusTvKQAwH92YpRVh6Z4MTRleUtEcfJyEEj6vORwx0etG3PjJmzmYZrAslOX9rEa3lObgx3KaA/s1600-h/logo.jpg"><img style="margin: 0px auto 10px; display: block; text-align: center; cursor: pointer; width: 199px; height: 342px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgtSOVqcDztm7xpPTnELV853ZRUtmPs7Fx9onf7UQZtl21C-NytFK4KkelUxrW7SusTvKQAwH92YpRVh6Z4MTRleUtEcfJyEEj6vORwx0etG3PjJmzmYZrAslOX9rEa3lObgx3KaA/s400/logo.jpg" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5290805852207734674" border="0" /></a><br /><div style="text-align: center;">Aguarda-se data.<br /></div>O Gigante Egoístahttp://www.blogger.com/profile/09324131220103664421noreply@blogger.com17tag:blogger.com,1999:blog-17934972.post-12734678992051104092009-01-05T18:27:00.001+00:002009-01-05T18:29:14.968+00:00As palavras desenharam a ilusão<br />E nessa noite deram-lhe criação.<br /><br />A criação das palavras de ilusão<br />Traz consigo peso e destruição.O Gigante Egoístahttp://www.blogger.com/profile/09324131220103664421noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-17934972.post-61952815313767215202008-12-15T22:36:00.005+00:002008-12-15T22:55:50.514+00:00a evolução das espécies<a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgOEGXnwdaEo2HyaMxRX8ub5SkGNbooRPnMRrIuVoAILrmujCPG3VPEHEDTbT1KX9qXhaoIlVO0u0oEgAcnoARE8elrp-yDHDG6XEnJLKTrp76unkntwNmJEKQYNAry4pNFhZ8Cvg/s1600-h/darwin.jpg"><img style="margin: 0px auto 10px; display: block; text-align: center; cursor: pointer; width: 300px; height: 400px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgOEGXnwdaEo2HyaMxRX8ub5SkGNbooRPnMRrIuVoAILrmujCPG3VPEHEDTbT1KX9qXhaoIlVO0u0oEgAcnoARE8elrp-yDHDG6XEnJLKTrp76unkntwNmJEKQYNAry4pNFhZ8Cvg/s400/darwin.jpg" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5280149622935662066" border="0" /></a><br /><span style="line-height: 115%;font-family:Garamond;font-size:12;" ><span style="background-color: rgb(255, 255, 204);"></span></span><div style="text-align: justify;"><span style="font-size:100%;"><span style="font-family:trebuchet ms;">Sempre me inquietou o uso de conteúdos explicativos fora do seu âmbito. Um dos exemplos com que mais me deparo é o uso da teoria da selecção natural, como meio de explicação da também teórica evolução das espécies, fora do meio restrito da biologia. Chamo-lhes teorias porque hoje se tomam como facto «demonstrado cientificamente», quando na verdade a evolução das espécies ou a selecção natural, em rigor, não podem ser demonstradas: constituem um modelo interpretativo coerente e, aparentemente, com um alto grau de evidência. </span></span><br /><br /><span style="font-size:100%;"><span style="font-family:trebuchet ms;">Não está em causa a teoria da evolução das espécies: se acreditamos ou não. Por mim, acredito que de facto houve uma evolução das espécies animais «by means of natural selection», mas trata-se quase de uma questão de fé.<br /><br />O que está em causa é o mau uso da teoria para logo elaborar intrincadas extrapolações sociológicas. O problema é que não se trata de estabelecer um raciocínio analógico, mas sim o uso da própria teoria para aplicação noutras áreas que não as da biologia. </span></span><br /><br /><span style="font-size:100%;"><span style="font-family:trebuchet ms;">A evolução das espécies não pode ser usada como mais do que uma descrição científica para a interpretação de certos factos da natureza. Usá-la como arma de arremeso sociológica é simplesmente falacioso. Revi-me pois no seguinte passo de Chesterton da <span style="font-style: italic;">Ortodoxia</span>:</span></span><br /><blockquote><br /><span style="font-size:100%;"><span style="font-family:trebuchet ms;">A evolução é, ou uma inocente descrição científica do modo como certas coisas terrenas surgiram; ou – no caso de ser algo mais do que isso – um ataque ao próprio pensamento. Se a evolução destrói alguma coisa, o que ela destrói não é a religião, é o racionalismo. Se a evolução significa, muito simplesmente, que uma coisa positiva chamada macaco se transformou, muito lentamente, numa coisa positiva chamada homem, então é inofensiva para os mais ortodoxos; porque um Deus pessoal tanto pode fazer as coisas lentamente como fazê-las depressa, em especial se se encontrar, como acontece com o Deus cristão, fora do tempo.</span></span></blockquote><span style="font-size:100%;"><span style="font-family:trebuchet ms;"><br /><br /></span></span></div><div><span style="line-height: 115%;font-family:Garamond;font-size:12;" ></span></div>O Gigante Egoístahttp://www.blogger.com/profile/09324131220103664421noreply@blogger.com4tag:blogger.com,1999:blog-17934972.post-2720951743095840142008-12-13T21:02:00.002+00:002008-12-13T21:08:37.858+00:00Selbst em Hermann Broch<a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhVANdduKbZ09pICtVtz73fRGG7noFzGD_7J-gVbEuLJZ76cN6QicdZ5X6PGWKCzSIUWZ9Ce_5fi_iiRUZlMH-4pzZovblUX_aceiF6CqGOuX9uAOEHURg2dBycbJNRrD5Dhaaqcw/s1600-h/Hermann+Broch.jpg"><img style="margin: 0px auto 10px; display: block; text-align: center; cursor: pointer; width: 373px; height: 400px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhVANdduKbZ09pICtVtz73fRGG7noFzGD_7J-gVbEuLJZ76cN6QicdZ5X6PGWKCzSIUWZ9Ce_5fi_iiRUZlMH-4pzZovblUX_aceiF6CqGOuX9uAOEHURg2dBycbJNRrD5Dhaaqcw/s400/Hermann+Broch.jpg" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5279384527957714514" border="0" /></a><br /><div style="text-align: justify;"><span style="font-style: italic;"></span><span style="font-family:trebuchet ms;"><br /><br />Quando ia pelos nove anos, num dia dei por mim a entrar […] no bosque; era manifesto que desse modo me isolava dos outros miúdos, que brincavam à sua entrada, e depois de ter percorrido, durante algum tempo, essa paisagem tão minha conhecida, tomei subitamente consciência da minha solidão, não da solidão do meu corpo, mas da solidão da minha alma; quero dizer, soube subitamente que só o meu eu pensante era a verdadeira realidade, ao passo que tudo o resto, companheiros e árvores e animais, permanecia forçosamente num plano onírico e só por minha graça recebia realidade. Em resumo, eu tivera, de modo suficientemente terrível, a «experiência platónica», a partir da qual deveria desenvolver-se toda a minha futura atitude vital. Pois aparecia-me agora com absoluta necessidade a tarefa de criar uma nova realidade a partir da atmosfera onírica, de separar o real do irreal e conceder-lhe uma solidez existencial irrevogável «demonstrável». O homem solitário […] convertia-se subitamente pelo pensamento num «criador do mundo», a saber, num filósofo platónico, para quem recriar uma vez mais o mundo pelo pensamento se convertia numa missão. E de igual modo pela descoberta da solidão do eu, tinha encontrado ao mesmo tempo um antídoto para todos os anteriores desejos infantis de suicídio, não apenas porque a ela estava ligada a descoberta da existência da alma e da sua inviolabilidade, mas também porque a tarefa recém-descoberta do conhecimento precisava de muito tempo, sim, precisava mesmo de uma existência terrena particularmente longa.<br /><br /></span> </div> <span style="font-weight: bold;font-family:trebuchet ms;" >Psychische Selbstbiographie</span><br /><span style="font-size:85%;"> <span style="font-family:trebuchet ms;">(traduzido por Maria Filomena Molder)</span></span> <p style="font-family: trebuchet ms;" class="MsoNormal"></p>O Gigante Egoístahttp://www.blogger.com/profile/09324131220103664421noreply@blogger.com2