25 de abril de 2009

Artigo de João Miguel Tavares - e o processo de Sócrates.

Depois do rifão de Madonna,

Ambrósio, apetecia-me adoptar algo.


Aparece o rifão de José Sócrates,

Ambrósio, apetecia-me processar algo.


Muita discussão foi levantada no cenário de comentário político, desde a entrevista de José Sócrates a Judite de Sousa. Parece que a birra com quem não alinha com ele conduz inevitavelmente à via judicial.

Aqui fica o artigo que levou ao processo de João Miguel Tavares, publicado em 3 de Março de 2009, no Diário de Notícias. Para divulgar e dar uma lição de democracia ao nosso PM.


JOSÉ SÓCRATES, O CRISTO DA POLÍTICA PORTUGUESA

por

João Miguel Tavares

Jornalista - jmtavares@dn.pt03 Março 2009

Ver José Sócrates apelar à moral na política é tão convincente quanto a defesa da monogamia por parte de Cicciolina. A intervenção do secretário-geral do PS na abertura do congresso do passado fim-de-semana, onde se auto-investiu de grande paladino da “decência na nossa vida democrática”, ultrapassa todos os limites da cara de pau. A sua licenciatura manhosa, os projectos duvidosos de engenharia na Guarda, o caso Freeport, o apartamento de luxo comprado a metade do preço e o também cada vez mais estranho caso Cova da Beira não fazem necessariamente do primeiro-ministro um homem culpado aos olhos da justiça. Mas convidam a um mínimo de decoro e recato em matérias de moral.

José Sócrates, no entanto, preferiu a fuga para a frente, lançando-se numa diatribe contra directores de jornais e televisões, com o argumento de que “quem escolhe é o povo porque em democracia o povo é quem mais ordena”. Detenhamo- -nos um pouco na maravilha deste raciocínio: reparem como nele os planos do exercício do poder e do escrutínio desse exercício são intencionalmente confundidos pelo primeiro-ministro, como se a eleição de um governante servisse para aferir inocências e o voto fornecesse uma inabalável imunidade contra todas as suspeitas. É a tese Fátima Felgueiras e Valentim Loureiro - se o povo vota em mim, que autoridade tem a justiça e a comunicação social para andarem para aí a apontar o dedo? Sócrates escolheu bem os seus amigos.

Partindo invariavelmente da premissa de que todas as notícias negativas que são escritas sobre a sua excelentíssima pessoa não passam de uma campanha negra - feitas as contas, já vamos em cinco: licenciatura, projectos, Freeport, apartamento e Cova da Beira -, José Sócrates foi mais longe: “Não podemos consentir que a democracia se torne o terreno propício para as campanhas negras.” Reparem bem: não podemos “consentir”. O que pretende então ele fazer para corrigir esse terrível defeito da nossa democracia? Pôr a justiça sob a sua nobre protecção? Acomodar o procurador-geral da República nos aposentos de São Bento? Devolver Pedro Silva Pereira à redacção da TVI?

À medida que se sente mais e mais acossado, José Sócrates está a ultrapassar todos os limites. Numa coisa estamos de acordo: ele tem vergonha da democracia portuguesa por ser “terreno propício para as campanhas negras”; eu tenho vergonha da democracia portuguesa por ter à frente dos seus destinos um homem sem o menor respeito por aquilo que são os pilares essenciais de um regime democrático. Como político e como primeiro-ministro, não faltarão qualidades a José Sócrates. Como democrata, percebe-se agora porque gosta tanto de Hugo Chávez.


19 de abril de 2009

a inevitabilidade da morte.




After apple picking

Robert Frost


My long two-pointed ladder's sticking through a tree
Toward heaven still,

And there's a barrel that I didn't fill

Beside it, and there may be two or three

Apples I didn't pick upon some bough.

But I am done with apple-picking now.
Essence of winter sleep is on the night,

The scent of apples: I am drowsing off.
I cannot rub the strangeness from my sight

I got from looking through a pane of glass
I skimmed this morning from the drinking trough
And held against the world of hoary grass.

It melted, and I let it fall and break.
But I was well
Upon my way to sleep before it fell,

And I could tell
What form my dreaming was about to take.

Magnified apples appear and disappear,

Stem end and blossom end,

And every fleck of russet showing clear.

My instep arch not only keeps the ache,
It keeps the pressure of a ladder-round.
I feel the ladder sway as the boughs bend.

And I keep hearing from the cellar bin

The rumbling sound

Of load on load of apples coming in.
For I have had too much

Of apple-picking: I am overtired
Of the great harvest I myself desired.

There were ten thousand thousand fruit to touch,

Cherish in hand, lift down, and not let fall.
For all
That struck the earth,

No matter if not bruised or spiked with stubble,

Went surely to the cider-apple heap

As of no worth.

One can see what will trouble
This sleep of mine, whatever sleep it is.

Were he not gone,
The woodchuck could say whether it's like his

Long sleep, as I describe its coming on,
Or just some human sleep.